02 abril 2014

Godot e o alcatrão

Esta madrugada, às 00:45, como muitos de vós perceberam pelas redes, o carro em que me deslocava foi violentamente abalroado pela traseira por outro veículo. Isto era banal, coisa para duas linhas em qualquer jornal, se não estivéssemos em cima da supostamente mais vigiada ponte do país, no caso a Vasco da Gama. Accionado o 112, que prontamente me colocou em contacto com a Brigada de Trânsito, aguardei no local a chegada da patrulha. Não sei quantos chineses nasceram durante a espera mas devem ter sido imensos. A patrulha levou uma hora e cinco minutos a chegar ao local. Isto poderia ser banal se em todo este tempo, algumas coisas extraordinárias não tivessem sucedido. A ronda da Gestiponte encontrou-me por casualidade. Isto. O condutor da outra viatura, em cujo hálito consegui descortinar vários tipos de casco de Carvalho teve tempo de abandonar o local e partir para parte incerta. Alertado pelas redes, o meu amigo João Calvino teve tempo de sair da sua casa em Massamá e chegar ao pé de mim praticamente ao mesmo tempo da Gestiponte. Uma hora e cinco minutos depois do ocorrido a Brigada teve então oportunidade de me processar os dados, efectuar o teste de álcool (0,0) e dar por encerrado o expediente. Ao outro condutor, como se costuma dizer, "assobiaram-lhe às botas". Alguns outros factos são dignos de relevo e deixo-vos como mera curiosidade o facto de ter enviado à BT por diversas vias a coordenada GPS do local do acidente. Estranhamente, a Brigada informou várias pessoas das muitas que telefonaram respondendo ao meu alerta, de que não dispõe de meios que permitam interpretar uma coordenada GPS. Dá para acreditar nisto? A Gestiponte encontrou-me casualmente. A Brigada de Trânsito leva mais tempo a chegar ao local que um civil que está em Massamá. Nos muitos contactos que eu tive com o 112, a patrulha esteve sempre "a caminho". Na ponte mais vigiada do país que temos.

1 comentário:

Unknown disse...

Também já estive sensivelmente o mesmo tempo a aguardar por uma patrulha da GNR. Acontece que isso ocorreu no decorrer da minha actividade profissional, que por sinal é na área da emergência médica. E o pedido, feito por canais oficiais, era para auxiliar a lidar com uma vitima agressiva. E nunca chegaram a aparecer, ligaram ao fim desse tempo todo a perguntar se ainda era preciso. Por isso, demorarem a chegar a essa situação, infelizmente, não me espanta.