Deixem o mundo rodar sobre si mesmo durante uma enormidade de tempo e coisas haverá que evoluirão por si só até ao ponto de não mais poderem mudar-se a si mesmas, ou se por uma acaso da evolução isso acontecer, transformar-se-ão em coisas inauditas e incríveis que a nossos olhos de simples mortais se assemelharão a milagres do alto. Ou isso ou algum cientista obscuro provará que era pura e simplesmente esse o destino físico das coisas, e como sabeis, contra o destino físico das coisas há poucas manigâncias que se possam fazer, a não ser, claro é também, que sejamos crentes no alto ou cientistas, benesses de que todos gozamos um pouco, uns um nadinha mais gozões que os outros e isso traduzir-se-á no escalão do IRS.
Estava nisto o jovem informático sentado na cadeira frente à sua secretária, olhando com comiseração para os números da facturação do mês, baixos, para não variar muito e estragar os gráficos que gostava de afixar na corticite do escritório, quando o telefone tocou. Acontece muito isto dos telefones tocarem quando se está sentado na cadeira frente à secretária, dá imenso jeito ao desenrolar das histórias, acontece bastante na realidade, muito mais quando se está na banheira é um facto, isto para não falar dos milhões de toques telefónicos que se dão quando não há ninguém no escritório mas que infelizmente não aproveitam a ninguém, seja aos narradores de histórias, seja aos empregados de escritório que por lá não estarem assentam com isso mais uma fiada de tijolos no muro da falta de produtividade nacional.
"Olá Pedro, tens de cá vir beber um copo...". Era L., que sempre que telefonava saudava o interluctor tentando vender-lhe um automóvel ou prenunciava o cravanço de um favor. Ora, como eu mesmo tinha comprado a L. um automóvel no passado mês, estava-me destinada a segunda hipótese. "Pá, comprei um computador para o bar de Benfica!". O jovem informático recostou-se na cadeira em frente da secretária, interrogando-se a si mesmo das razões porque não teria L. comprado o computador ao próprio jovem informático, mas, lá está, essa é apenas mais uma das coisas imutáveis com que hão-de lidar todos os jovens informáticos de ontem, de hoje e de sempre, ou seja, participarão da cópula, mas estão-lhes vedados os preliminares. Roerão os ossos mas não comerão a carne. Sentirão a picada mas não terão prazer de coçar a comichão e por aí fora, desenvolva o leitor o resto do tema que há-de ir longe no prazer solitário e se for longe, mesmo muito longe, até ao finzinho, não se esqueça de fumar um cigarro que sabe sempre bem.
Pedro não fazia ideia de que L. tinha um bar em Benfica. Minto, fazia. Já lhe tinham sido revelados muitos dos negócios de L. mas daquele apenas vislumbrara uma pontinha ao ouvir falar de orçamentos de veludo negro e de um princípio de incêndio a meio das obras, coisa pouca, três latas de tinta para o lixo, nem uma chamada de orelha na página três do Correio da Manhã.
"E para que queres tu um computador no bar?" Parece a pergunta um tudo nada imbecil lida à luz dos dias de que gozamos hoje, mas isto faz tempo que foi perguntado, faz mesmo muito tempo, quase vinte anos o que dá uma realidade nova à pergunta, numa altura em que só meia dúzia de cientistas obscuros à cata de provar teorias milagrosas possuiam semelhantes caixas produtoras de milagres de cálculo.
"Tens de cá vir. Tens mesmo de cá vir. Isto é para controlar a caixa e as comissões das miúdas". Ora, controlar a caixa eu percebo que se queira, é normal que os donos dos bares queiram todos controlar as caixas mas esta da comissão das miúdas era-me estranha e não fosse o jovem informático estar distraído a enrolar o cabo do telefone e a pensar no que ia almoçar no final da manhã e talvez tivesse vislumbrado o alcance da coisa, mas não ligou, preferiu passar à frente e falar a L. do carburador entupido cuja reparação haveria de ser por conta dele, entre outras coisas, umas mais precisadas da intervenção do mecânico que outras. "Abrimos amanhã, por isso aparece depois das vinte e duas, se não tiveres carro - bela tanga que compraste - eu mando alguém buscar-te". Que assim seja, tá bem abelha, amen ou o que for mais conveniente a crentes, descrentes ou outros a quem a carapuça não sirva. Estejam por cá às nove e meia e não me deixes à seca como de costume e aos costumes não respondeu nada, apenas se limitou a esperar educadamente que do outro lado desligassem que a boa educação é uma coisa mesmo muito bonita.
E foi o jovem informático transportado em carro de luxo, ao invés do lixo a que estava habituado ou do outro lixo que tinha comprado a L., reveses da vida de jovens informáticos com carteiras magras, as de clientes e a outra, pouco habituados a motoristas mais a mais uma fêmea loura e prenhe de voluptuosidade, qualidade do que é voluptuoso, sensualidade, deleite carnal, lascívia, prazer dos sentidos, gozo espiritual, Novo Dicionário Lello da Língua Portuguesa, língua essa que aparecia aqui e ali entre uns lábios cuidadosamente pintados e uns dentes de tão brancos que o pareciam ter sido. Era de noite e chovia, isto tinha de ser escrito precisamente aqui que no início era o verbo (e o verbo se lá forem ver, é "deixar") e viu-se o jovem informático com o problema de ter de manter o vidro fechado até cima ou morrer sufocado num odor dulcíssimo de perfume com fortes fragâncias de morango, tão fortes que se podiam comer se se mastigasse o ar, coitada da pequena, tão bonita e tão bem feita, logo havia de ter marinado dentro do frasco durante todo o dia iria jurar...
A viagem tinha começado de uma forma inusitada, um "Boa noite, querido!" tão extraordinário, mas tão extraordinário, que de tão inesperado se estranhou o boa noite. Não fazia ainda sequer uma vaga ideia do que o esperava mas que diabo, se isto era apenas a primeira linha, a peça e que rica peça, prometia casa cheia e sessões esgotadas. Haveria o trajecto de se esgotar entre sorrisos e banalidades e algumas confusões com o elevador dos vidros que ora se abria, ora se fechava, que estava o pendura ocasional muítissimo mais habituado a manivelar a sua própria pouquíssima automobilizada janela. Apenas à chegada, um aceno adornado pelo tinir metálico de pulseiras, fios e restante quinquilharia, uma última golfada de morango concentrado e uma voz sussurrante a dizer-me "Rosy, se precisares de alguma coisa o meu nome é Rosy,,," Ora aqui estamos nós perante uma daquelas situações em que a efémera vida de um cartão de visita pode perfeitamente ser poupada, com a cabeça e as hormonas do jovem informático a correr à desfilada de sinapse em sinapse, se bem que quase jure que algumas tomaram atalhos, toda esta correria apenas porque não lhe faltavam "ses" para a miríade de coisas de que se lembrava assim de repente e estaríamos até aqui a noite toda, não a contá-las que o jovem informático não é desses. Ainda terá pensado em retorquir "Aniceto, Pedro Aniceto" mas além de lhe parecer uma cópia descarada de outras cenas não menos cinematográficas, não conseguia, por mais que o tentasse, perceber de que espécie de coisas poderia Rosy precisar que não tivesse já, ou que lhe não fossem facilmente concedidas. A prova provadinha de que o Criador está atento a todas estas coisas é uma bátega mais forte obrigou o jovem informático a refugiar-se no interior do bar e lá vai Serpa, lá vai Pias e Rosy conjuntamente, adeus até um dia, podia ter sido um prazer. Não rima mas não deixará de ser verdade.
Trabalho será trabalho, cognac será cognac, olá estás bom, para mim é um gin, o médico sempre me prescreve doses de quinino quando vou para as selvas e outra coisa não me parece que esteja fazendo. "Então e que tal" pergunta L. ufano do seu smoking de dono de bar, não o tragas muitas vezes que te confundem com o porteiro, não seria o primeiro diz ele que ainda agora me puseram mil escudos na mão para ir arrumar um carro... Por falar em carro, obrigado pela gentileza, mais ainda pela motorista, não disse "chauffeur" que dificilmente L. perceberia outra coisa que não fosse "chófer" e não me parecia de bom tom estar ali com grandes explicações. Que nem sabia quem me fora buscar, disse-lhe de Rosy e do perfume de morango, ah! então gostaste, que ideia, mas que coisa é esta L. abriste uma casa de putas?
"Bar! Isto é um bar!". Ok, chama-lhe o que quiseres, até prova em contrário isto é o que parece mas quem sou eu para te contrariar, bebe um copo e come qualquer coisa que mais logo temos de ver o computador. O jovem informático não resistiu ao sorriso e ao pensamento irónico do "come qualquer coisa", mas eis o Gin e deixemo-nos de disparates e vamos ver as vistas. Poucas coisas haverá mais embaraçantes para o jovem informático do que estar numa casa de meninas (baixemos o tom por respeito a L.) sem conhecer mais ninguém que L. e Rosy e a respeito desta última é tudo o que sabemos, se exceptuarmos a voluptuosidade e a geleia de morango vaporizada. Minto. Mente uma vez mais o narrador que talvez por conveniência de prosa não mencionou o assunto, mas ainda mais convenientemente só se lembrou disso neste preciso momento. Notara o jovem informático uma singularidade além das descritas no pequeno habitat motorizado de Rosy. No momento de se sentar a seu lado, ainda anestesiado quem sabe pelos aromas frutados, fora o mesmo obrigado a deslocar de sítio três volumosos livros dos quais retivera serem dois de Heidegger e um de Keynes, ele há coisas do demo (e outras ainda em beta!), coisa singular não por serem três, piada torpe quem sabe, mas por os achar deslocados no cenário. Depois o leitor já percebeu das razões de tal achado ter passado por fora do centro das atenções, mas voltemos à vaca fria dizia eu que nada há de mais embaraçante que estar de copo de Gin na mão, a olhar em volta sem conhecer mais ninguém a não ser L. e Rosy que ambos ocupado com clientes e amigos não paravam de circular de um canto a outro da sala. Não que a sala fosse enorme, poupariam meias solas, o espaço é absolutamente exíguo e mais exíguo se torna se cheio de pessoas bem vestidas mais por fora que por dentro.
Apesar de apertado e absolutamente povoado da mais fascinante fauna humana, ao jovem informático não faltaram motivos de interesse na observação cuidada de néscios e burgessos sendo que aos burgessos os néscios ganhavam de goleada. Não sendo a primeira vez que lhe era dado observar semelhante espectáculo, era uma premiére em termos de pormenor, da roupa aos maneirismos, dos tiques às expressões de macho de final de dia. Olhou para o copo, já vazio e uma ligeira náusea incomodou-o sendo que este atribuiu ao limão pouco fresco que já vira dias mais viçosos.
"Olha, mostra-me lá a máquina que se está a fazer tarde..." foi a forma de se escapar do sufoco desconfortável.
Estava nisto o jovem informático sentado na cadeira frente à sua secretária, olhando com comiseração para os números da facturação do mês, baixos, para não variar muito e estragar os gráficos que gostava de afixar na corticite do escritório, quando o telefone tocou. Acontece muito isto dos telefones tocarem quando se está sentado na cadeira frente à secretária, dá imenso jeito ao desenrolar das histórias, acontece bastante na realidade, muito mais quando se está na banheira é um facto, isto para não falar dos milhões de toques telefónicos que se dão quando não há ninguém no escritório mas que infelizmente não aproveitam a ninguém, seja aos narradores de histórias, seja aos empregados de escritório que por lá não estarem assentam com isso mais uma fiada de tijolos no muro da falta de produtividade nacional.
"Olá Pedro, tens de cá vir beber um copo...". Era L., que sempre que telefonava saudava o interluctor tentando vender-lhe um automóvel ou prenunciava o cravanço de um favor. Ora, como eu mesmo tinha comprado a L. um automóvel no passado mês, estava-me destinada a segunda hipótese. "Pá, comprei um computador para o bar de Benfica!". O jovem informático recostou-se na cadeira em frente da secretária, interrogando-se a si mesmo das razões porque não teria L. comprado o computador ao próprio jovem informático, mas, lá está, essa é apenas mais uma das coisas imutáveis com que hão-de lidar todos os jovens informáticos de ontem, de hoje e de sempre, ou seja, participarão da cópula, mas estão-lhes vedados os preliminares. Roerão os ossos mas não comerão a carne. Sentirão a picada mas não terão prazer de coçar a comichão e por aí fora, desenvolva o leitor o resto do tema que há-de ir longe no prazer solitário e se for longe, mesmo muito longe, até ao finzinho, não se esqueça de fumar um cigarro que sabe sempre bem.
Pedro não fazia ideia de que L. tinha um bar em Benfica. Minto, fazia. Já lhe tinham sido revelados muitos dos negócios de L. mas daquele apenas vislumbrara uma pontinha ao ouvir falar de orçamentos de veludo negro e de um princípio de incêndio a meio das obras, coisa pouca, três latas de tinta para o lixo, nem uma chamada de orelha na página três do Correio da Manhã.
"E para que queres tu um computador no bar?" Parece a pergunta um tudo nada imbecil lida à luz dos dias de que gozamos hoje, mas isto faz tempo que foi perguntado, faz mesmo muito tempo, quase vinte anos o que dá uma realidade nova à pergunta, numa altura em que só meia dúzia de cientistas obscuros à cata de provar teorias milagrosas possuiam semelhantes caixas produtoras de milagres de cálculo.
"Tens de cá vir. Tens mesmo de cá vir. Isto é para controlar a caixa e as comissões das miúdas". Ora, controlar a caixa eu percebo que se queira, é normal que os donos dos bares queiram todos controlar as caixas mas esta da comissão das miúdas era-me estranha e não fosse o jovem informático estar distraído a enrolar o cabo do telefone e a pensar no que ia almoçar no final da manhã e talvez tivesse vislumbrado o alcance da coisa, mas não ligou, preferiu passar à frente e falar a L. do carburador entupido cuja reparação haveria de ser por conta dele, entre outras coisas, umas mais precisadas da intervenção do mecânico que outras. "Abrimos amanhã, por isso aparece depois das vinte e duas, se não tiveres carro - bela tanga que compraste - eu mando alguém buscar-te". Que assim seja, tá bem abelha, amen ou o que for mais conveniente a crentes, descrentes ou outros a quem a carapuça não sirva. Estejam por cá às nove e meia e não me deixes à seca como de costume e aos costumes não respondeu nada, apenas se limitou a esperar educadamente que do outro lado desligassem que a boa educação é uma coisa mesmo muito bonita.
E foi o jovem informático transportado em carro de luxo, ao invés do lixo a que estava habituado ou do outro lixo que tinha comprado a L., reveses da vida de jovens informáticos com carteiras magras, as de clientes e a outra, pouco habituados a motoristas mais a mais uma fêmea loura e prenhe de voluptuosidade, qualidade do que é voluptuoso, sensualidade, deleite carnal, lascívia, prazer dos sentidos, gozo espiritual, Novo Dicionário Lello da Língua Portuguesa, língua essa que aparecia aqui e ali entre uns lábios cuidadosamente pintados e uns dentes de tão brancos que o pareciam ter sido. Era de noite e chovia, isto tinha de ser escrito precisamente aqui que no início era o verbo (e o verbo se lá forem ver, é "deixar") e viu-se o jovem informático com o problema de ter de manter o vidro fechado até cima ou morrer sufocado num odor dulcíssimo de perfume com fortes fragâncias de morango, tão fortes que se podiam comer se se mastigasse o ar, coitada da pequena, tão bonita e tão bem feita, logo havia de ter marinado dentro do frasco durante todo o dia iria jurar...
A viagem tinha começado de uma forma inusitada, um "Boa noite, querido!" tão extraordinário, mas tão extraordinário, que de tão inesperado se estranhou o boa noite. Não fazia ainda sequer uma vaga ideia do que o esperava mas que diabo, se isto era apenas a primeira linha, a peça e que rica peça, prometia casa cheia e sessões esgotadas. Haveria o trajecto de se esgotar entre sorrisos e banalidades e algumas confusões com o elevador dos vidros que ora se abria, ora se fechava, que estava o pendura ocasional muítissimo mais habituado a manivelar a sua própria pouquíssima automobilizada janela. Apenas à chegada, um aceno adornado pelo tinir metálico de pulseiras, fios e restante quinquilharia, uma última golfada de morango concentrado e uma voz sussurrante a dizer-me "Rosy, se precisares de alguma coisa o meu nome é Rosy,,," Ora aqui estamos nós perante uma daquelas situações em que a efémera vida de um cartão de visita pode perfeitamente ser poupada, com a cabeça e as hormonas do jovem informático a correr à desfilada de sinapse em sinapse, se bem que quase jure que algumas tomaram atalhos, toda esta correria apenas porque não lhe faltavam "ses" para a miríade de coisas de que se lembrava assim de repente e estaríamos até aqui a noite toda, não a contá-las que o jovem informático não é desses. Ainda terá pensado em retorquir "Aniceto, Pedro Aniceto" mas além de lhe parecer uma cópia descarada de outras cenas não menos cinematográficas, não conseguia, por mais que o tentasse, perceber de que espécie de coisas poderia Rosy precisar que não tivesse já, ou que lhe não fossem facilmente concedidas. A prova provadinha de que o Criador está atento a todas estas coisas é uma bátega mais forte obrigou o jovem informático a refugiar-se no interior do bar e lá vai Serpa, lá vai Pias e Rosy conjuntamente, adeus até um dia, podia ter sido um prazer. Não rima mas não deixará de ser verdade.
Trabalho será trabalho, cognac será cognac, olá estás bom, para mim é um gin, o médico sempre me prescreve doses de quinino quando vou para as selvas e outra coisa não me parece que esteja fazendo. "Então e que tal" pergunta L. ufano do seu smoking de dono de bar, não o tragas muitas vezes que te confundem com o porteiro, não seria o primeiro diz ele que ainda agora me puseram mil escudos na mão para ir arrumar um carro... Por falar em carro, obrigado pela gentileza, mais ainda pela motorista, não disse "chauffeur" que dificilmente L. perceberia outra coisa que não fosse "chófer" e não me parecia de bom tom estar ali com grandes explicações. Que nem sabia quem me fora buscar, disse-lhe de Rosy e do perfume de morango, ah! então gostaste, que ideia, mas que coisa é esta L. abriste uma casa de putas?
"Bar! Isto é um bar!". Ok, chama-lhe o que quiseres, até prova em contrário isto é o que parece mas quem sou eu para te contrariar, bebe um copo e come qualquer coisa que mais logo temos de ver o computador. O jovem informático não resistiu ao sorriso e ao pensamento irónico do "come qualquer coisa", mas eis o Gin e deixemo-nos de disparates e vamos ver as vistas. Poucas coisas haverá mais embaraçantes para o jovem informático do que estar numa casa de meninas (baixemos o tom por respeito a L.) sem conhecer mais ninguém que L. e Rosy e a respeito desta última é tudo o que sabemos, se exceptuarmos a voluptuosidade e a geleia de morango vaporizada. Minto. Mente uma vez mais o narrador que talvez por conveniência de prosa não mencionou o assunto, mas ainda mais convenientemente só se lembrou disso neste preciso momento. Notara o jovem informático uma singularidade além das descritas no pequeno habitat motorizado de Rosy. No momento de se sentar a seu lado, ainda anestesiado quem sabe pelos aromas frutados, fora o mesmo obrigado a deslocar de sítio três volumosos livros dos quais retivera serem dois de Heidegger e um de Keynes, ele há coisas do demo (e outras ainda em beta!), coisa singular não por serem três, piada torpe quem sabe, mas por os achar deslocados no cenário. Depois o leitor já percebeu das razões de tal achado ter passado por fora do centro das atenções, mas voltemos à vaca fria dizia eu que nada há de mais embaraçante que estar de copo de Gin na mão, a olhar em volta sem conhecer mais ninguém a não ser L. e Rosy que ambos ocupado com clientes e amigos não paravam de circular de um canto a outro da sala. Não que a sala fosse enorme, poupariam meias solas, o espaço é absolutamente exíguo e mais exíguo se torna se cheio de pessoas bem vestidas mais por fora que por dentro.
Apesar de apertado e absolutamente povoado da mais fascinante fauna humana, ao jovem informático não faltaram motivos de interesse na observação cuidada de néscios e burgessos sendo que aos burgessos os néscios ganhavam de goleada. Não sendo a primeira vez que lhe era dado observar semelhante espectáculo, era uma premiére em termos de pormenor, da roupa aos maneirismos, dos tiques às expressões de macho de final de dia. Olhou para o copo, já vazio e uma ligeira náusea incomodou-o sendo que este atribuiu ao limão pouco fresco que já vira dias mais viçosos.
"Olha, mostra-me lá a máquina que se está a fazer tarde..." foi a forma de se escapar do sufoco desconfortável.
(CONTINUA)
5 comentários:
Olha, cá para os meus botões esta tua entrada está a ficar bem mais jeitosa que a do coelho.
E não, não é pelo perfume! ;)
Je n’ai pas aimé le lapin…Mais là je flaire une petite pointe d’érotisme délicieuse, c’est très bon, félicitations.
Manu
Oh santinho a continuação vai demorar muito? É que estou em pulgas :)
Pois se está em pulgas, está no sítio certo! Assobiando...
Fez-me lembrar que tive que lidar com uma praga de carraças(verdadeiras) à dias(coisas do campo)(milhões delas), vamos, vamos, e a boa?, no grand finale????
Gato Preto.
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