Escarranchado na anca da mãe, o miúdo aplicava fortes palmadas no vidro protector do ecran do Multibanco. Os componentes da fila observavam apreensivos as consequências do acto, quem sabe se preocupados com a aparente inevitabilidade de ter de procurar outra máquina se esta se recusasse a trabalhar mais. Um idoso encetou uma atitude paternalista e abordou a criança. "Olha, lá dentro está um senhor que vem cá fora e dá-te umas palmadas se tu continuas a bater no vidro!". A mãe, ocupada com as operações de digitação, nem se voltou e com isso conseguiu apenas fazer arquear ainda mais as sobrancelhas dos circunstantes. "Olha que ele vem cá fora! Olha que ele não gosta que lhe batam no vidro!". O miúdo prosseguiu, aparentemente até com mais vontade... Parou, para satisfação do velhote que mirou em volta com ar de vitória. Mas o puto tinha ainda uma palavra a dizer:
"Tu não sabes que não há homem nenhum lá dentro? Tu não sabes que aquilo é um computador? Caraças! Não p'cebem nada!"
"Tu não sabes que não há homem nenhum lá dentro? Tu não sabes que aquilo é um computador? Caraças! Não p'cebem nada!"
4 comentários:
Agora as crianças já não se chamam crianças... São os tecnopetizes! Tenho um primo de 6 anos que recentemente ensinou a minha avó, de 68, a escrever SMS no telemóvel.
Aos 6 devia estar eu a aprender as letras!
Que desperdício de tempo de juventude :-o
Mas a culpa é dos pais.
No outro dia estava dentro do carro e vi o lindo espectáculo de um pai sentar o filho (devia ter cerca de 10 anos) em cima da máquina (das interiores da CGD).
Como não estava para ter o filho ao colo a máquina fazia-lhe "esse jeito".
Adorava que tivesse partido o vidro da máquina. Era logo o primeiro a chamar a PSP.
boa.
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