Imagine o caro leitor que um destes dias saiu de casa e circulou pelas ruas do mundo. Lembra-se que lhe falta adquirir um determinado bem ou serviço e entra num estabelecimento, onde, delicadamente pede o bem ou o serviço. Ciente de que está no local correcto, ouve alguém do lado de dentro do balcão dizer-lhe "Não sei vender isso...". A pessoa belisca-se, quanto mais não seja para ter a certeza de que não está a sonhar. "Não sabe, como não sabe?". "Não sei e pronto!". Eu até posso entender uma falha insólita da parte de quem está de porta aberta a servir (?) o público. Não admito é que se não peça desculpa, que se tente conformar o cliente, que não haja a delicadeza mínima de tentar justificar o injustificável. É a antítese de tudo o que é racional. Aconteceu-me hoje, e garanto ao caro leitor que não estava a tentar comprar urânio enriquecido para o Irão. Era um simples registo de um boletim de Totoloto...
02 fevereiro 2006
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5 comentários:
não era suposto ser um boletim de euromilhões?
Quando mais é preciso é quando menos se faz...
O serviço ao público, salvo algumas excepções, aqui na nossa terra é sempre acompanhado de doses industriais de má educação, arrogância e transpira problemas pessoais.
E um sorriso? Não?
Sabes, Quack, da primeira vez que fui aos EUA, o primeiro "choque" que tive foi precisamente o do atendimento ao público. Os europeus não têm um nível tão, digamos, elevado. No meu caso pessoal, situações houve que chegaram a ser constrangedoras. Não se trata de simples cumprimentos de circunstância. São tão expressivos que te sentes quase na "obrigação" de retorquir em tom coloquial, quase íntimo. É absolutamente impossível ficares indiferente a um cumprimento daqueles, quer quando entras, mas principalmente quando abandonas o estabelecimento, seja ele qual for. Aqui e não estou a exagerar como todos nós podemos facilmente comprovar, consegues entrar e sair sem que te dirijam a palavra e se olharem para ti (e não para um espaço imaginário que ocupes) já tens alguma sorte. Eu penso que isto não tem a ver com sentido comercial, é mais profundo do que isso, é a própria educação, muito própria do "quem quer, quer, quem não quer vai andando".
Isso me lembrou quando fui comer num restaurante familiar. Estávamos olhando o cardápio, e perguntei para o dono do estabelecimento:
- Que tal se eu pedir uma porção disso, outra daquilo, e mais essa?
Ele tomou o cardápio de minha mão, e disse:
- Espera, deixa eu lhe mostrar, você não sabe escolher não...
E fez o pedido por nós... :D
A nível de serviços e atendimento ao cliente, Portugal é de facto pautado pelo amadorismo!
Como o Pedro disse e bem nos EUA existe um conceito totalmente diferente (profissionalismo), que a nós Europeus choca(e intimida), da 1ª vez (pensamos: "mas que raio estes gajos estão sempre com um sorriso idiota na cara, nem os conheço! Andam sempre atrás de mim e perguntam se preciso de ajuda!"), mas depois faz sentido e até sabe bem!
Quanto ao nível cultural lembrei-me de um exemplo muito simples mas eficaz, em conversa com um primo meu que vive nos EUA constatamos enquanto viamos umas fotos de amigos, família e colegas, as diferenças na pose e no sorriso, de uma maneira geral os europeus têm um ar sisudo, uma expressão séria. Os americanos tinham quase todos um sorriso aberto e humorado!
Na mesma foto de turma conseguiamos distinguir os americanos dos europeus! É hilariante, para observar este fenómeno basta ver com atenção as fotos dos colunistas de jornais...
Abraço!
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