04 abril 2006

Cristo Rei

O pequeno André tem apenas 4 anos e uma fixação muito especial na estátua do Cristo Rei. Para ele, todas as viagens deveriam passar pelo Cristo Rei e naquelas em que isso não sucede, lê-se nos seus olhinhos uma profunda decepção. O pai de André, que trabalha em Almada, sabe disso e usa a estátua como argumento para evitar brincadeiras mais ruidosas no banco de trás do carro da família. "Olha que se não te portas bem não vês o Cristo Rei...". A pequena chantagem funciona e o André já sabe que o pai trabalha "pe'to do C'isto Rei" e é a festa completa quando vai ao com ele para o trabalho. Ora, sucede que André, preso à tirania dos cintos de segurança da cadeira do carro, nunca tinha conseguido ver a face frontal da estátua. Na viagem em plena auto estrada, a vista é fácil, basta olhar em frente, mas quando se cruza a ponte, o Cristo Rei fica inacessível ao seu pequeno pescoço. Até ontem, altura em que o pai de André decidiu cumprir ao petiz uma promessa já feita, a de levar o miúdo à base da imponente estátua. Voltou feliz. Quem sabe se realizado. A mãe quis saber se ele tinha gostado. "Go'tei mu'to mamã, o C'isto Rei tem um robe igual ao meu!". Depois, abraçou a mãe e disse-lhe ao ouvido "E p'ecisa de co'tar as unhas..."

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