A minha condição oftalmológica não melhorou absolutamente nada durante a noite, precisamente ao contrário do que eu secretamente ansiava, até porque tenho um compromisso no Porto hoje à tarde e não me agrada de todo a ideia de fazer Lisboa - Porto em condições que me afectam o estado de espírito. Para quem vê bem é difícil imaginar a vida em permanentes condições de nevoeiro cerrado, tornando-me nervosamente irritável, dando-me um pior mau feitio do que aquele com que fui fadado. Fico absolutamente nervoso, qualquer decisão é um problema capaz de me fazer subir a tensão arterial, mais a mais estou sozinho e tudo não passa de um imenso videogame em que o objectivo é apenas dois (desculpem, não vi o outro): sobreviver e passar para um nível ainda mais difícil.
Ultrapasso o problema de encontrar as bilheteiras, afinal de contas sei onde são mas encontro-as fechadas, dou uma volta à galeria da Gare do Oriente para perceber afinal que estão ali mesmo a dois passos, é tudo uma questão de manter a calma e respirar fundo. Estou atrasadíssimo, não me atrevi a ir ao quiosque abastecer-me de jornais porque iria perder imenso tempo (para não falar da estupidez que é comprar jornais que não conseguirei ler...), nem houve tempo para o pequeno almoço. Peço desculpa ao funcionário da CP, quando, depois de lhe pedir um recibo ele me diz que já o tenho na mão. Peço-lhe duplamente desculpa e interiorizo que hoje, durante todo o dia, estarei constantemente a pedir desculpa por tudo e muito principalmente por nada.
Galgo as escadas para a plataforma da gare, o Alfa acaba de chegar e eis-me com um novo problema, encontrar a carruagem número 6. Na porta mais perto de mim, um generosíssimo display mostra um imponente 2, afinal não vai ser difícil basta-me entrar e percorrer o comboio até encontrar a bendita carruagem. É o que faço. Sendo que por via da medicação que estou a tomar, (fui bem avisado disto) o meu sentido de profundidade está absurdamente alterado, torna-se penoso estender a mão e segurar-me nas orelhas dos bancos das carruagens que vou percorrendo, isto é, estender a mão eu estendo, o problema é que não agarro banco nenhum! Agradeço mentalmente ao grande Deus dos comboios, que este não esteja ainda em movimento. Vou andando, comboio fora, não tenho a mínima pista sobre a carruagem onde estou.
À minha frente, um senhor baixinho, de pastinha na mão, percorre também apressadamente os corredores e sigo-o porque isso me poupa a irritação de encontrar os botões e alavancas que permitem a abertura das portas automáticas que separam as várias secções. Ultrapassamos mais uma porta, curioso, esta não é automática, só reparo nisso quando passo por ela. O homem pára, volta-se para trás, sorri-me, (estamos praticamente cara a cara) e diz-me "E pronto, chegámos, levo-o eu ou leva-o o senhor?". Olho à minha volta, os inúmeros quadros com luzes piscantes não enganam, estamos no cockpit do Alfa. Rio-me, regresso à porta indevidamente transposta, peço-lhe desculpa pela invasão, ele vem simpaticamente abrir a porta da cabine e despede-se de mim com um amável "Até à vista!". Isso mesmo meu caro, boa viagem e até à vista.
Ultrapasso o problema de encontrar as bilheteiras, afinal de contas sei onde são mas encontro-as fechadas, dou uma volta à galeria da Gare do Oriente para perceber afinal que estão ali mesmo a dois passos, é tudo uma questão de manter a calma e respirar fundo. Estou atrasadíssimo, não me atrevi a ir ao quiosque abastecer-me de jornais porque iria perder imenso tempo (para não falar da estupidez que é comprar jornais que não conseguirei ler...), nem houve tempo para o pequeno almoço. Peço desculpa ao funcionário da CP, quando, depois de lhe pedir um recibo ele me diz que já o tenho na mão. Peço-lhe duplamente desculpa e interiorizo que hoje, durante todo o dia, estarei constantemente a pedir desculpa por tudo e muito principalmente por nada.
Galgo as escadas para a plataforma da gare, o Alfa acaba de chegar e eis-me com um novo problema, encontrar a carruagem número 6. Na porta mais perto de mim, um generosíssimo display mostra um imponente 2, afinal não vai ser difícil basta-me entrar e percorrer o comboio até encontrar a bendita carruagem. É o que faço. Sendo que por via da medicação que estou a tomar, (fui bem avisado disto) o meu sentido de profundidade está absurdamente alterado, torna-se penoso estender a mão e segurar-me nas orelhas dos bancos das carruagens que vou percorrendo, isto é, estender a mão eu estendo, o problema é que não agarro banco nenhum! Agradeço mentalmente ao grande Deus dos comboios, que este não esteja ainda em movimento. Vou andando, comboio fora, não tenho a mínima pista sobre a carruagem onde estou.
À minha frente, um senhor baixinho, de pastinha na mão, percorre também apressadamente os corredores e sigo-o porque isso me poupa a irritação de encontrar os botões e alavancas que permitem a abertura das portas automáticas que separam as várias secções. Ultrapassamos mais uma porta, curioso, esta não é automática, só reparo nisso quando passo por ela. O homem pára, volta-se para trás, sorri-me, (estamos praticamente cara a cara) e diz-me "E pronto, chegámos, levo-o eu ou leva-o o senhor?". Olho à minha volta, os inúmeros quadros com luzes piscantes não enganam, estamos no cockpit do Alfa. Rio-me, regresso à porta indevidamente transposta, peço-lhe desculpa pela invasão, ele vem simpaticamente abrir a porta da cabine e despede-se de mim com um amável "Até à vista!". Isso mesmo meu caro, boa viagem e até à vista.
3 comentários:
Não acredito que tenhas deixado o baixinho levar o Alfa até ao Porto!
oh pah... lol
ha dias de manha que um gajo a tarde, nao devia sair a noite!
abraço
:)
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