"Não é que eu fale muito, não, eu não falo mais do que a generalidade das pessoas que conheço, não conheço muitas é certo, mas as que vou encontrando na vida profissional ou na vida pessoal parecem-me fechadas, ou surdas ou fechadas e surdas, mudas não serão que de vez em quando lá dizem "Olés e Olás" mas não passa disso, não se abrem não partilham não nos fazem sentir parte da vida delas que a vida essa não está para graças mas lá está, uma graça uma piada uma ordinarice que seja de quando em vez também daí não viria grande desgraça ao mundo e é assim as pessoas não falam umas com as outras. Vê lá tu que lá no trabalho ninguém comenta um corte de cabelo, a escolha de uns sapatos até as previsões de venda das filiais são aceites sem um lamento sem reservas mas que isto não é normal não é ou se é sou eu que não me adapto a este mundo terei talvez nascido antes do tempo...."
Mas oh Luísa...
"Não, não é Oh Luísa, não me critiques que de ti não espero outra coisa que não diálogo e compreensão, tu vê bem que nem as máquinas me compreendem, eu bem tento mas aquilo é apito atrás de apito, encravanço atrás de encravanço, e depois ninguém sabe ou se sabem calam-se eu bem digo que as pessoas não falam umas com as outras, lá está dizem que falo muito mas não me parece, os técnicos chegam ao pé dos meus computadores e só os ouço remoer "hummm... hummm..." e não me dizem nada parecem as estátuas de mármore do parque ao pé de minha casa, por falar disso o Ricardo caiu da bicicleta e arranhou-se todo, só problemas, o pai diz que isso faz parte, mas não sei o que é que ele quer dizer com o fazer parte, se eu acho que ele não faz sequer parte das nossas vidas, casa trabalho trabalho casa não me toca nem um ai nem um ui, ele mal fala parece também ter sido tocado pela maldição do mundo. As pessoas não falam umas com as outras é o que é e depois ainda têm a distinta lata de me vir dizer que eu falo demais, até parece..."
Mas oh...
"Tu és igual aos outros não és? Tu és tal e qual essa gente com quem eu me cruzo constantemente e que parece carregar as dores do mundo dentro de um saco, sempre apressados como se fossem tirar a mãe da forca, as pessoas andam malucas, o mundo todo parece ir na mesma direcção tu vê lá até há dias a gaiata do quinto esquerdo disse à mãe que vinha aí a louca, louca sim, louca por entender o que querem o que precisam, o que a gente tem mais que fazer é adivinhar intenções não tem nada que saber querem o belo ao fim do mês fazendo o mínimo não se preocupando sequer se retribuem com trabalho, o mal é as pessoas não falarem não se explicarem não se entenderem. E para isso é preciso que falem até dizem que eu falo de mais, não falo nem de mais nem de menos o mundo é que se está a perder aliás todos nós nos estamos a perder a afundar-nos neste lamaçal."
Mas...
"Não adianta sequer chamar-lhes a atenção eles têm sempre razão sabem tudo e nem escutam o que as pessoas têm para lhes dizer, há dias estava um desses técnicos lá de volta do meu computador e perguntou-me uma coisa em código, se eu tinha um Firewall, eu que nem tive nunca nada dessas modernices, não quero saber, o Raul do terceiro direito foi dizer ao meu Ricardo que tinha ADSL essa gente tem tudo são filhos de ministros, ganham bem e saiem cedo têm dinheiro para isso até no Sábado devem lá ter ido entregar isso eu bem vi a carrinha lá parada à porta capaz de vir alguém pelo passeio e esbarrar nela não se respeita nada nem ninguém. Eu cá disse ao técnico que não tinha Firewall nenhum que nem quero já me chegam as responsabilidades que tenho e desde que deixe os mapas prontos ao Marques no final da semana ele já não me chateia de entretido que anda com as pernas da Adelaide da Contabilidade. E mesmo esse técnico é um malcriadão, vê lá que me disse que eu falava de mais, eu que não acho que falo mais do que a generalidade das pessoas"
E tu , está boa?
"Ando cansada sabes?"
Mas oh Luísa...
"Não, não é Oh Luísa, não me critiques que de ti não espero outra coisa que não diálogo e compreensão, tu vê bem que nem as máquinas me compreendem, eu bem tento mas aquilo é apito atrás de apito, encravanço atrás de encravanço, e depois ninguém sabe ou se sabem calam-se eu bem digo que as pessoas não falam umas com as outras, lá está dizem que falo muito mas não me parece, os técnicos chegam ao pé dos meus computadores e só os ouço remoer "hummm... hummm..." e não me dizem nada parecem as estátuas de mármore do parque ao pé de minha casa, por falar disso o Ricardo caiu da bicicleta e arranhou-se todo, só problemas, o pai diz que isso faz parte, mas não sei o que é que ele quer dizer com o fazer parte, se eu acho que ele não faz sequer parte das nossas vidas, casa trabalho trabalho casa não me toca nem um ai nem um ui, ele mal fala parece também ter sido tocado pela maldição do mundo. As pessoas não falam umas com as outras é o que é e depois ainda têm a distinta lata de me vir dizer que eu falo demais, até parece..."
Mas oh...
"Tu és igual aos outros não és? Tu és tal e qual essa gente com quem eu me cruzo constantemente e que parece carregar as dores do mundo dentro de um saco, sempre apressados como se fossem tirar a mãe da forca, as pessoas andam malucas, o mundo todo parece ir na mesma direcção tu vê lá até há dias a gaiata do quinto esquerdo disse à mãe que vinha aí a louca, louca sim, louca por entender o que querem o que precisam, o que a gente tem mais que fazer é adivinhar intenções não tem nada que saber querem o belo ao fim do mês fazendo o mínimo não se preocupando sequer se retribuem com trabalho, o mal é as pessoas não falarem não se explicarem não se entenderem. E para isso é preciso que falem até dizem que eu falo de mais, não falo nem de mais nem de menos o mundo é que se está a perder aliás todos nós nos estamos a perder a afundar-nos neste lamaçal."
Mas...
"Não adianta sequer chamar-lhes a atenção eles têm sempre razão sabem tudo e nem escutam o que as pessoas têm para lhes dizer, há dias estava um desses técnicos lá de volta do meu computador e perguntou-me uma coisa em código, se eu tinha um Firewall, eu que nem tive nunca nada dessas modernices, não quero saber, o Raul do terceiro direito foi dizer ao meu Ricardo que tinha ADSL essa gente tem tudo são filhos de ministros, ganham bem e saiem cedo têm dinheiro para isso até no Sábado devem lá ter ido entregar isso eu bem vi a carrinha lá parada à porta capaz de vir alguém pelo passeio e esbarrar nela não se respeita nada nem ninguém. Eu cá disse ao técnico que não tinha Firewall nenhum que nem quero já me chegam as responsabilidades que tenho e desde que deixe os mapas prontos ao Marques no final da semana ele já não me chateia de entretido que anda com as pernas da Adelaide da Contabilidade. E mesmo esse técnico é um malcriadão, vê lá que me disse que eu falava de mais, eu que não acho que falo mais do que a generalidade das pessoas"
E tu , está boa?
"Ando cansada sabes?"
2 comentários:
"Então de que é que quer falar? Vamos falar de quê? De gajas? Podemos ir... Surf? Força então."
Dr. Caravaggio Meireles - Gato Fedorento
A sua pergunta é demasiado extensa. Por favor reformule.
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