10 junho 2006

É uma casa portuguesa, com certeza

Há coisas em matéria de organização que até uma criança de seis anos entende. Um Hospital Central em Portugal faz a admissão de doentes e as fichas acumulam-se numa mesa designada de "Triagem" onde uma médica, ao invés de fazer jus à posição, a de triar, as organiza por ordem alfabética, actividade que não deixa de ser irónico ver praticada por uma pessoa que ostenta um estetoscópio... Absolutamente cansado de esperar por Godot, arrepiei caminho a pretexto de uma ida ao bar fui directo à especialidade pretendida onde percebi que não havia um único doente em espera. Fui à triagem, perguntei porque esperava há duas horas. "A especialidade deve estar cheia". Levantei a cortina que impedia a "profissional de triagem" de ver o que se passava no mundo que a rodeava e demonstrei-lhe, educadamente, que não era o caso. "Ah, mas tem de esperar...", Esperei. Esperei que ela voltasse costas, agarrei na ficha e fui à especialidade e consequentemente à minha vida. Tenho pena de gente desta, tenho pena que trabalhem sem se colocarem um segundo que seja nos sapatinhos daqueles a quem são suposto dar o seu melhor... Ah, e a ordem alfabética não estava correcta, a minha ficha estava a seguir à letra ésse. A especialidade era Oftalmologia, a dita triagem é mera incompetência. Mas isso, à semelhança dos meus olhos, ninguém vê.

2 comentários:

samaritano sam disse...

_ Bolas! Já uma médica não pode fazer, descansada, uma me(r)ditação sobre os valores espirituais da "triagem (des)organizada"... que logo vem um Aniceto empunhando uma simples ficha materialista, destabilizar, o karma deste pobre ser.

_ Tudo tem o seu tempo irmão, até para juntar os neurónios "tico" e "teco", duma simples médica de triagem.

_ Are Are!!! Hare Krishna!!!

Anónimo disse...

este video do gato fedorento reflete bem os nossos desejos: http://www.youtube.com/watch?v=y-hAf04Cm4Y