Ela era redonda, literalmente redonda, uma bolinha encavalitada numa bicicleta cor de rosa, cheio de retoques fantásticos, do cesto de plástico branco sobre a roda da frente, ao detalhe de dois póneis do mesmo material a fazer de enfeites ao guarda corrente da transmissão. Na cabeça uma coroa de papel decorada com brilhantes falsos, tão falsos como as faíscas que reluziam ao sol. Pedalava furiosamente, tão furiosamente quanto a sua gordura excessiva permitia. Uma travagem, os pneus de rojo no pó encarnado da estrada de terra. Vejo-a com frequência durante o passeio vespertino, sempre pedalando furiosamente direito a nenhures. "Olá! Eu hoje faço anos!". Parabéns, muitos parabéns, tiveste muitas prendas? "Esta bicicleta e um kilo de Smarties!". E consegues comer um kilo de Smarties? "Ohh, já foram quase todos!". E saiu a pedalar tão furiosamente quanto aparecera, a coroa de papel com brilhantes falsos, tão falsos como as faíscas que reluziam ao sol que se escondia.
12 agosto 2006
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2 comentários:
Que tenho eu para vos dizer que não saibamos já todos? Na verdade já pensei nisso. Mais do que pensar já o ensaiei. Mas não flui. Por uma qualquer razão que desconheço as coisas não se encadeiam. Nada que me preocupe, talvez me fira o amor próprio e apenas.Só num momento me enfureço, a única indulgência a que me permito neste capítulo: Quando vagueio por prateleiras e livrarias e vejo prosas de que não gosto. E uma voz que me assalta. Mas depois regresso à vida real. Aquela cujos instantes eu gosto de fotografar com palavras.
Uma árvore há, não dá muitos frutos... a cerejeira...... pois quanto ao livro também eu aguardo :)
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