14 setembro 2006

Algo há que me faz rir, e não são cócegas

Uma das muitas coisas que verdadeiramente me divertem enquanto cidadão deste encantador país é a tentativa de imposição de conjuntos de regras por parte de meia dúzia de cabeças pensantes a uns milhões de outros compatriotas, Estes milhões, por sua vez, dedicam-se freneticamente a estudar o esquema e a encontrar a forma mais simples de as contornar. Deve ser absolutamente penoso para as tais cabeças pensantes, verificar que o objecto do seu estudo também é capaz de magicar e consequentmente ver ruir com fragor os conjuntos de normas que se raciocinaram como inatacáveis e seguras. Afinal de contas andamos nisto desde 1143 se ninguém deu a volta à data... A Maternidade Alfredo da Costa implementou um sofisticadíssimo sistema de controlo de entradas e saídas (por oposição a um sistema ridículo de que já falei aqui), deve ter custado uma fortuna, a avaliar pela imponência dos canais de entrada e da parafernália de sensores e barreiras automáticas. Aparentemente impenetrável, o utente tem de exibir aos sensores a folha de marcação de consulta, ou o omnipotente cartão de acesso, onde, um código de barras informa o sistema e comanda a abertura das portas. O número de acompanhantes permitidos é de uma única pessoa, a quem, sem qualquer identificação é entregue um cartão de plástico que cumpre a função. Entrei, acompanhando uma paciente. Uma hora depois, porque fui contactado por outra pessoa que também queria acompanhar a mesma paciente, muni-me da carta do código de barras e do cartão que me tinha sido entregue, na tentativa da tão portuguesa forma de "dar a volta ao esquema". Como seria de esperar, o sistema reagiu negativamente. Optei por entregar o meu cartão à pessoa, que entrou no edifício enquanto eu ficava do lado de fora à espera. Fumei um cigarro, observei a mudança de turno, dirigi-me ao substituto segurança a quem disse que estava ali para uma consulta. A criatura rapidamente me disse o que qualquer candidato a "penetra" está já careca de saber, "que sem a folha do código de barras não pode aceder!". Assenti que sim com a cabeça. "Não a tenho". "Ah mas então não pode!". "Não a tenho porque marquei a consulta por telefone". Palavras para quê? Escrevo-vos da sala de espera do Bloco de Cirurgia. Não me orgulho deste feito, orgulho-me sim de não saber quanto custou aquela traquitana do controlo de entradas, nem quanto nos custa a nós todos o salário do tipo que pensou o sistema...
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2 comentários:

botinhas disse...

O dito "sistema" é como o Cabo da Boa-Esperança: se está lá, é para ser contornado!

Canela?

mw disse...

hoje também tive uma que me fez rir:

Recebi na empresa um concurso público para participar para fornecimento de material. Então as regras ditam: tenho 3 dias para enrtegar a extensa documentação e eles têm uma semana para decidir. Se eu ganhar tenho de lhes deixar um cheque caução de 5% do valor total que será accionado caso não cumpra os 15 dias de prazo de entrega imposto por eles... espantoso.

Tb lhes posso aplicar uma multa por ultrapassarem os 30 dias de prazo de pagamento? É que nestes casos geralmente passo entre 6-12 meses à espera de pagamento... já paguei IVA, IRS e sei lá mais quê e ainda o estado naõ me pagou.

Como é que contorno esta?