Ela discutia animadamente com uma amiga quando entrei na carruagem de Metro sobrelotada. "A prófe de Biologia é bué da má, ficas já avisada. Explica a matéria bué da mal, é bué confusa e explica mesmo, mas mesmo bué da mal. Eu acho que ela não tem é ideias. É bué da repetitiva".
18 setembro 2006
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10 comentários:
Espero que a professora de Português seja um bocadinho melhor que a de Biologia...
Acho que ficaste bué da preocupado. Preocupa-te só uma beca...
um dos adereços (sendo no entanto mais que isso) que tenho na minha secretária é o Dicionário da Língua Portuguesa 2004.
Foi comprado quando um "prófe" da minha irmã (já no ensino superior) a aconcelhou a actualizar o velhinho dicionário da (verdadeira) Língua Portuguesa que acompanhou a geração anterior na pouca graduação que conquistaram.
na página 258 do referido dicionário podemos encontrar a seguinte definição:
bué adv. [coloq.] muito (Do port. brasileiro bué, de origem onom., indicativo de intensidade)
assim, estaria em perfeito português (não fosse a repetição consecutiva do termo bué e o termo "prófe") tal discurso.
talvez Camões falasse assim com os companheiros!
sinceramente acho vergonhoso que se fale assim bem como o que os míudos "faxem" com o s e com o z.
enfim, ensinámos (mal) os índios, mas parece que para lá caminhamos....
E agora mais a serio..... os putos (e não só) quase que aprendem uma nova linguagem, diz-se que á custa de sms's e msn's.... e lá estou eu também!
O problema, quanto mim, nem está na tentativa de abreviarem, que como o Paulo A. Silva exemplefica, e muito bem, escrevem o mesmo número de caracteres, trocando os correctos pelos errados(!!!). E isto é preocupante. Quanto á fala, que é o exemplo que o Pedro ilustra, espero que seja da idade e que com ela desapareça, pelo menos uma "beca" (e desulpem lá, esta aprendi com o meu sobrinho...). Senão, lá para a idade de pensionista, arriscamo-nos a ouvir de um Sr. Dr. "você está bué doente!"...
Já não vou a tempo muito provavelmente, mas uma das homenagens que eu gostaria bem de fazer (ainda em vida das homenageadas, já agora...) incluiria com toda a certeza duas Professoras. A primeira, a Maria Emília, professora primária cuja régua de pinho fez maravilhas em alguns (muitos) dos meus erros de escrita (e calculem, não me passei a drogar nem fiquei deveras traumatizado) e outra, de nome Lurdes (escapou-me o apelido) que me deu uma magistral lição de savoir-faire. Acontece que eu não era propriamente um aluno modelo, fazia os serviços mínimos (e já achava muito...) embora dominasse a matéria. Escrever (ao contrário da leitura, desporto em que eu era francamente bem treinado), não era coisa que me agradasse, sendo os testes um espelho disso mesmo, frases telegráficas, um completo desrespeito por vírgulas e pontos finais. Certo dia, estava eu na minha habitual última fila (lugar onde mais depressa se escapava impunemente à atenção dos professores), fui apanhado completamente distraído, mergulhado na leitura de um livro pornográfico que tinha a particularidade de não ter fotografias ou ilustrações, sendo por isso profundamente descritivo. A Professora Lurdes, cansada de me apanhar na galhofa e mais cansada de me perguntar o que é que ela estava a dizer tendo a minha imediata (e correcta) resposta, perguntou-me (acordando-me da minha mais profunda concentração) se eu queria partilhar com o resto da turma a leitura do meu livro. Devo ter-me engasgado (pudera!) na resposta porque ela insistiu, Quando eu lhe disse que era melhor não o fazer, ela intimou-me a ler em voz alta ou a entregar-lhe o livro. Ainda argumentei qualquer coisa, mas acho que me faltou o ar a meio da discussão, pelo que fui avisando que ia ler, mas ela tinha de me assegurar que tinha sido ela a pedir... Pobre criatura, que não fazia a mínima ideia do que a esperava, ia ficando roxa quando aqui o Aniceto (perdido por um, perdido por mil) começou a ler com a voz trémula mas a bom ritmo, alguns parágrafos. Escusado será dizer que à segunda fala do diálogo que incluia expressões adjectivas sobre o elemento feminino e palavras que eu nunca tinha sequer lido como "bacamarte" ou "fluidos", fui imediatamente posto no olho da rua, perante o gáudio da turma (rapaziada jeitosa, benza-os Deus...). Fui mais tarde chamado à presença da Professora Lurdes que com um imenso "fair play" me explicou que eu podia ainda ter alguma esperança e que queria convidar-me para uns ateliers de escrita que se faziam na Promotora em Alcântara, ateliers esses com que fiquei muito agradado, porque os achava fáceis e ali o cábula conseguia ser a estrela da companhia, arrasando sem esforço algum os marrões da Escola. Tenho a certeza de que foi graças à Lurdes, aos "fluidos" e ao "bacamarte" que ganhei gosto pela escrita....
Ora aí está: Bem hajam os bacamartes e os fluidos, jamais, sei lá, BacMars & Fluids!
Por que raio será que esta conversa toda me fez lembrar as GINAS ????
As Ginas não tinham texto...
Acho que tinham umas fotonovelas em que havia algum texto... Pouquinho, mas havia.
Ora aí está!
Afinal todos sabemos como elas eram!
Dahhh! :)
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