03 outubro 2006

E não se pode exterminá-los?


Maus profissionais há em todo o lado, estamos carecas de o saber. Mas porra (isto hoje não está a ser um dia fácil, pardon my french) mas há coisas que tiram um analfabeto do sério, principalmente quando se é confrontado com algo que o cidadão comum com a quarta classe tirada a prestações consegue deduzir em 10 segundos... Anteontem, sem nenhuma pompa e circunstância (a vergonha impede certos excessos) foi inaugurada a passagem pedonal de acesso à estação Sul e Sueste e consequentemente ao terminal de barcos da Soflusa no Terreiro do Paço. Passei lá de fugida na noite da inauguração, entrando por um dos extremos que está situado mesmo em frente às instalações da antiga Bolsa de Valores. Quando desci e vi o aspecto reluzente do revestimento total de chão e paredes em mármore polido cheguei a pensar para com os meus botões que aquele piso era demasiado perigoso quando molhado. Não liguei muito ao assunto dada a pressa que tinha. Hoje, depois de uma valente carga de água à qual fugia a bom fugir desci a escadaria a correr, para me estatelar de imediato ao terceiro degrau, felizmente sem quaisquer consequências. Quando recuperei a dignidade e regressei à posição natural olhei à minha volta e mentalmente enumerei meia dúzia de impropérios. Os degraus tinham uma película generosa de água em cima e a tira anti-derrapante de nada serve porque os degraus estão mal assentes, têm a inclinação para dentro em vez de possuir um desnível para a face aberta (eu não sou arquitecto, mas sei cair como ninguém...). Quando abanei a cabeça em plena desaprovação, um segurança abordou-me dizendo "Não queira saber quantas pessoas já cairam aqui hoje...". Deduzo que sim, o local deve ser atravessado por centenas de milhares de pessoas todos os dias. "Tenha cuidado quando começar a atravessar, encoste-se à parede do lado esquerdo que é o único sítio onde se pode passar sem cair". Assim fiz, mas eu juro que vou saber o nome do inteligente que desenhou 60 metros de corredor com um escoamento mais pequeno do que a minha churrasqueira no jardim. Que designou mármore polido para revestimento de chão de altíssimo tráfego. E peço aos céus que não seja o mesmo licenciado em arquitectura que solucionou o problema do isolamento da água do Tejo nos túneis.

3 comentários:

mw disse...

http://www.lusa.pt/print.asp?id=SIR-8391354

este sr. ajudará?

Anónimo disse...

Rapaz!

Tu já não estás é para grandes cavalgadas...

Mas essa merece uma queixa no livro de reclamações.

Pedro Aniceto disse...

Terás de me perdoar o ataque à classe e a imprecisão funcional que cometi. Mas que diabo, até o Sr.Silva, digníssimo operário braçal da não menos ilustre empresa "Abre valas Lda.", um tipo que aos domingos anda de ténis, calças de fato treino e camisola de alças nos corredores brilhantes dos centros comerciais da nossa praça, está farto de saber que os avisos "Cuidado, chão molhado" são para levar a sério. Porque é que um arquitecto de uma GRANDE (e demorada) obra pública, não sabe? E porque é que toda a gente fecha os olhos e prefere não ver? Qual é o papel de um fiscal? É olhar para os planos e dizer "Isto tem 5 degraus e está conforme o projecto?". Porque é que eu que tenho um nível comprado nos chineses o uso com imensa frequência e estes tipos não o fazem? E porque será que ninguém reparou que aquele túnel não tem nenhuma solução para acessos de pessoas com problemas motores, apesar de a lei (que supostamente é para todos) o exigir? Será preciso que um imbecil de um mísero Gestor de Produto que não sabe distinguir um tijolo de uma aduela de porta sabe perguntar estas coisas e a direcção técnica da obra não o faz? Talvez exagere, mas se este tipo de coisas é negligenciada, que outras coisas, terrivelmente mais importantes, não o serão também?