Dizia Pedro Homem de Melo que por vezes era necessário "subir ao povo". Estava cheio de razão, Pedro. Celebrei um contrato de televisão por cabo, parece coisa banal, capaz de entediar o mais bem disposto dos leitores. A única "anormalidade" que pedi em relação ao contrato trivial é que o local de instalação fosse diferente do local de facturação. Que sim, que era possível, mas que iria originar uma lista de documentos bem maior que um simples pedido de casamento numa qualquer Conservatória, mas que se faria. Identifiquei o administrador da empresa que iria pagar a factura, fotocopiei resmas de folhas de actas de nomeação, o BI pessoal do infeliz, o número de contribuinte pessoal da vítima, o número de contribuinte da empresa. Fiz o mesmo, está claro, aos meus e depois de tudo muito bem conferido, assinado, agrafado, ainda me lembrei de lhe juntar o NIB para o débito directo, mais uma prova da existência da morada, não fosse eu mandar instalar um cabo debaixo da ponte Vasco da Gama. Ditei, ao comercial que tratou do processo, letrinha por letrinha, a morada da instalação e a da facturação. Guardei uma cópia do contrato onde tudo ficou muito bem escarrapachado. Passadas três semanas recebi uma carta da empresa dizendo-me em tom formal que teria de ir a um terminal Multibanco para activar o débito directo. Achei curioso. Um dos documentos que entreguei era a autorização de débito em conta, devidamente assinada pelo administrador, que também ele já fora identificado até ao ADN... Não liguei nenhuma à carta, um feeling, sei lá. Hoje, abri a minha caixa do correio e tinha uma factura! Disse para comigo "Extraordinário!" (Não foi isto que eu disse, pronto, foi algo como "Oh que aborrecimento...". Consultei os valores, que estavam correctos, procurei mais informação que me pudesse valer para justificar a inobservância do que eu pedira e ao qual a empresa dissera que sim. "Para qualquer esclarecimento, contacte o 16800". Vai de ligar oh tanso! Vinte e sete minutos depois, uma assistente de Help Desk pede-me o número de cliente. Forneço-lho. "Não posso atendê-lo neste número, terá de ligar o 16808". Mas o número que aqui tenho.... Pois, mais que também e consequentemente, liga lá para o 16808. Liguei. Obrigado por ter aguardado e mais isto e mais aquilo. Exponho o problema. "Mas aqui no sistema não tenho morada de facturação diferente da da instalação...". Pois, mas eu tenho aqui uma cópia de contrato onde isso está bem explícito. "Temos de consultar os documentos, mas isso ainda vai levar algum tempo..." Leve o tempo que quiser, reporte a quem muito bem entender, eu para a semana volto a ligar. "E já agora, na factura que recebi diz que o valor será debitado em conta no dia vinte e dois de Dezembro no NIB xis pê tê ó..." Sim, está correcto. "Mas eu ontem recebi uma carta a dizer que tinha de activar o débito blá blá blá". Pode rasgar a carta, não é preciso fazer nada. Desligámos, ambos. E eu fico a pensar se são estruturas como estas que fazem girar a economia portuguesa...
13 dezembro 2006
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12 comentários:
Eheheh... bem vindo à Cabovisão... (Obrigado por ter esperado - esta frase complica-me com o sistema nervoso)... o problema é que nas outras é a mesma coisa... e no meu caso nem sequer tenho alternativas.
Para a semana voce liga e ainda lhe dizem que nao ha registo de nada disso...
Bem vindo a Terra!
Esta malta, com a lógica da redução de custos, contrata uma quantidade de miúdos para fazerem input de dados. O pior é que eles nunca viram um contrato de TV cabo, seguros, telecomunicações, etc., à frente, e ainda por cima ganham (quer dizer, são explorados) à peça. Depois dá nisto.
Já agora, a chamada é grátis?
Oh Sérgio! E eu que achava que a nossa família só tinha um ingénuo... :)
Furacão, você nem sabe como é que eu faço nestes casos... ;)
Já agora, ninguém se lembra de questionar a "falcatrua" de mandar facturar um serviço, prestado a um particular, a uma firma?
Não há neste caso uma falcatrua... E tenho dúvidas que seja sequer uma ilegalidade que a empresa pague custos de comunicação a um colaborador, tendo-o em regime de colaboração em teletrabalho.
Mas o que tinham de mal aqueles emissores de Monsanto e de Montejunto (e que agora até emitem em VHF 225.97)?!
"Não há neste caso uma falcatrua... E tenho dúvidas que seja sequer uma ilegalidade que a empresa pague custos de comunicação a um colaborador, tendo-o em regime de colaboração em teletrabalho." <-- que rico teletrabalho. Fazer zapping pelos canais da TVCabo.
Será que está incluído o canal SportTv?
;-)
Não, chama-se "Mini Mix" e foi o pacote mais pequeno de canais de TV que pude encontrar. Aliás, eu dispensava a opção TV caso a tivessem.
Ainda sobre isto oh Kincas, tenho um amigo que é "controller de pub" e passa os dias a ver anúncios em determinadas "janelas" temporais. E sabes que mais? Grava 4 canais por dia (duas horas e pouco de Prime Time) para depois poder "picar" o que passa. Mas, não é o meu caso, aleluia!
A economia portuguesa não gira. Rodopia. Como o pião. Os peões que se cuidem. São estes rodopios, para peões sem pio, que tornam a economia portuguesa gira. ehehehe…
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