24 janeiro 2007

À mulher de César não basta ser séria

Digam-me que isto não é mesmo verdade: Uma das pessoas nomeadas pelo Ministério da Educação para a Comissão de Revisão da famosa TLEBS é a mesma pessoa que é consultor científico de uma gramática que já inclui a TLEBS. Tem um nome na comissão e um nome "artístico" na edição da obra. Digamos que assim sendo tem um interesse económico numa matéria que ele mesmo vai avaliar, o que é no mínimo catita... Para ajudar à festa, a referida criatura é casada com uma das co-autoras dessa maravilhosa invenção chamada TLEBS. Devo ser eu que percebi mal...

13 comentários:

Ana Ferreira disse...

A TLEBS está congelada durante um ano e foram suspensos os novos manuais de 8.º ano que já usavam a nova nomenclatura

Anónimo disse...

Na escola de uma das minhas filhas (Filipa de Lencastre - Lisboa) o frigorífico deve estar avariado porque estão a leccionar a malfadada TLEBS, ou seja, está descongelada.

Quanto à questão de fundo, é por isso mesmo que querem impor a TLEBS: para mudarem os nomes às coisas: um ALDRABÃO passa a ser um nome digno, humano, animado, singular, etc.,etc.

Anónimo disse...

Ainda estou para descobrir o que é que essa coisa vem contribuir para o desenvolvimento do país....

Ana Ferreira disse...

Não vem, só vai tornar maior o fosso entre gerações, quando os pobres pais forem ajudar os filhos a estudar vão deparar-se com designações nunca visto e não haverá implicatura conversacional (a nova designação de diálogo) que lhes valha, por exemplo.

Anónimo disse...

Devo ser o único, mas concordo com os princípios que estiveram na origem disto. Agora os nomes são questionáveis (e impronunciáveis) às vezes, não foram seleccionados os termos pra o ensino básico, formação zero, etc.
A linguística evoluiu muito como as outras ciências e precisa de nova linguagem.

Anónimo disse...

"...,alguns dos autores não são, de modo algum, as pessoas mais qualificadas
do país nas suas áreas e estas não foram chamadas a dar o seu contributo crítico sobre
o seu trabalho; em segundo lugar, alguns dos autores claramente excederam os limites
das suas competências específicas, trabalhando sobre questões de que pouco ou nada
entendem; finalmente, por mais elevada que pudesse ser a qualidade do trabalho realizado
separadamente por oito entidades distintas (nuns casos, indivíduos, noutros grupos),
só por milagre a conjugação dessas peças autónomas no todo da TLEBS poderia
ter resultado em algo de coeso e consistente, quando nem uma única vez essas diferentes
entidades trabalharam em conjunto para articular a nova terminologia para o ensino
do português."

Esta citação é apenas uma parte de uma crítica à TLEBS formulada pelo Prof. Dr, João Andrade Peres que se pode ler na íntegra em http://jperes.no.sapo.pt/peres_elementos_tlebs.htm
Isto da TLEBS já começa a feder...

Obrigado à Ana Ferreira que mandou este link para a ML há algum tempo atràs

kincas disse...

WTF is TLEBS?

Anónimo disse...

Vão-me desculpar todos os que já por aqui e por outros lados destilaram os seus ódios contra a famosa Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), mas devo dizer que:
(i) enquanto professor de português, (ii) responsável por formação inicial de educadores de infância e professores do 1.º e 2.º ciclos do ensino básico e
(iii) assíduo formador (na formação contínua) de professores de vários níveis,

o problema não está na TLEBS (que mais não é do que harmonizar os nomes que se dão às coisas no mundo da linguística ou, para os mais leigos, do estudo da gramática).

Todos nós sentimos na pele, alguma vez, a diferença de abordagem dada às mesmas coisas por professores diferentes. Alguns ensinavam as famosas "árvores das frases", outros falavam em "valências", outros em "sintagmas", e ainda hoje muito boa gente não sabe a diferença entre um determinante e um artigo.

Bom, mas se o problema não está nessa nova forma de nomear, onde está então? Precisamente no facto de a maioria dos professores não saber gramática. Pura e simplesmente. Numa recente acção de formação, com mais de 50 professores dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico (da 1.ª classe ao 9.º ano), ficou muito claro isso. E depois vêm todos dizer que é uma aberração! Claro!

Para quem não faz ideia da diferença entre o Vanádio e o Berídio, a tabela períódica também é uma aberração! Mas pelo menos com ela, aprendemos todos a chamar o mesmo nome a cada elemento.

Já quanto ao post do Pedro, perfeitamente de acordo!

Anónimo disse...

Eu como não sou linguista ou professor de Português, apenas utilizo o Português como língua falada e escrita o que não faz de mim nenhum especialista, tenho portanto que ler e ouvir as opiniões dos especialistas da matéria. Ora a opinião do Prof. Dr. João Peres é arrasadora para esta TLEBS, seus "criadores", e forma como foi feita. Que tem que haver harmonização e actualização de termos e conceitos, o próprio Prof. Dr. João Peres di-lo nesse texto, mas o que se vai ouvindo é mau de mais para ser verdade. E agora para compor o ramalhete ainda podemos somar conflitos de interesses. Enterre-se esta TLEBS e façam-se as coisas como deve ser se faz favor...

Anónimo disse...

Eu só gostava que me dissessem o que é que a linguística tem a ver com isto tudo!
Então a linguística não é a ciência da língua? E que é que a língua tem a ver com a gramática?

JC

Anónimo disse...

Por acaso há nessa notícia que o Prof. João Andrade Peres pôs a circular várias inverdades, mas quem sou eu para denunciar o que o salvador da pátria anda a tentar fazer (para além de obviamente estar a tentar pôr em causa a credibilidade de uma pessoa que tem muito mais nível científico e ético do que ele)?

Pedro Aniceto disse...

Mas são ou não verdade as questões hipotéticas que levanto?

Anónimo disse...

Verdade ou mentira... são irrelevantes. Veja a discussão no educação cor de rosa