13 fevereiro 2007

Refrige/Coca Cola

Numa das listas de que faço moderação inscreveu-se hoje uma pessoa que indicou como local de trabalho a empresa Refrige/Coca Cola. Tive um "flash-back". A Refrige foi a primeira empresa que visitei como "informático"... O meu amigo Luís Maia, programador encartado (leitor deste blog) e uma das pessoas com quem dei os meus primeiros passos na área dos computadores ficará para sempre ligado à história da informática da Refrige ao ter concebido o primeiro software de facturação desta marca, então acabadinha de se instalar em Portugal. A máquina, uma novíssima Logabax Lx2500 (A Logabax era o braço de R&D da ainda existente Dassault) com a qual fiz demonstrações que ficariam épicas na nossa comum história profissional. Um computador que me traz à memória personagens como o Irmão Lucas (o vendedor que não mentia!), ou o Marques, o cliente que interrompia as formações para ir dormir uma sesta... Ficava aqui horas a relembrar-me de histórias, algumas que nunca conseguirei contar como a do cliente que tinha um tique que consistia em deitar a língua de fora de tal modo que me fazia lembrar Mick Jagger e que fez com que me cortasse numa mão pela força que fiz no chassis da consola para não me escangalhar a rir... Dariam resmas de páginas estas pequenas histórias da informática do final dos anos setenta. Voltemos à Refrige. Aqui o miúdo Aniceto ficou desvairado quando percebeu que dentro dos muros da fábrica poderia beber as Coca Colas que entendesse... Era abrir os frigoríficos espalhados pelos corredores e fartai vilanagem! Mas talvez a parte mais romântica desta informática fosse a própria arquitectura de programação. As máquinas, com RAM reduzidíssima, trabalhavam com rotinas carregadas individualmente. As estruturas de ficheiros, ainda não indexados, obrigavam os programadores a ginásticas mentais enormes (por vezes bem mais complexas que as de hoje...). As rotinas eram baptizadas com nomes óbvios como "Carga" e o próprio número de caracteres passíveis de utilização no nome era curto. Uma dada rotina, orgulho do Luís Maia, era a de Listagem, Movimento e Limpeza e foi consequentemente baptizada de "LIS-MO-LIM". Nome que por qualquer razão nunca foi do agrado prático das pessoas que tinham de trabalhar com ela. Até ao dia em que o Luís Maia decidiu dar-lhe um toque afrancesado. Passou a denominar-se "LIS-MO-LÃ", o que fazia toda a diferença no toque internacional. Toda a gente se lhe referia como a "LIS-MO-LÃ" e se bem me recordo foi alguams vezes "transplantada" com sucesso para outras aplicações e outros clientes...

1 comentário:

Anónimo disse...

...então e aqueles onde nós chegavámos à noitinha, algures ali nas profundezas da serra da estrela, e antes da "demo" de POC [em Amstrad] estava um arrozinho de frango (argggghhh!) à espera na própria sala de jantar? Ou à beira do lagar ali para os lados do Couço, demonstrando o clássico truqe do asterisco ou "astico" como localmente era conhecida :) Vida de informático fóssil é dura, mas cheia de aventuras.