Ler transcrições de escutas telefónicas é por vezes melhor que assistir a espectáculos de comédia...
Adelino Caldeira (AC): - Estou! Presidente?
Pinto da Costa (PC): Sim
AC: -Adelino Caldeira, como está?
PC: -Tudo bem?
AC: - Tudo bem, olhe, o que lhe vou dizer agora é para si mesmo!
PC: -Sim, sim
AC: -Só pode dizer ao Mourinho, a mais ninguém! É assim, o McCarthy vai ser despenalizado por um jogo! Portanto vai poder jogar no próximo, mas atenção que não se pode saber porque a reunião só vai ser na Terça Feira...
18 abril 2007
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7 comentários:
Pedro, desculpe a pergunta, mas o futebol passa-me um pouco ao lado.
Presumo que o jogo (em que já podia jogar) foi antes da reunião?
Não, o resultado da reunião é que era conhecido ANTES da mesma se ter realizado, Isto faz-me lembrar um comunicado militar de uma tira de Quino que diz algo como "Em virtude de terem sido roubados os resultados das eleições, as mesmas já não se realizam para a semana".
Grande diferença para a actualidade em que nem conseguiram estudar o pedido do FCP para despenalizar o Quaresma...
E se bem me lembro, aconteceu a mesma situação nesse ano com o McCarthy... FC Porto mete recurso, Conselho de disciplina da Liga não decide em tempo útil de ser utilizado, FC Porto recorre ao Conselho de Justiça da Federação que decide despenalizar McCharty, no entanto tardiamente...
São as intrigas no futebol e em toda a vida política deste pobre e ingovernável país.
Pedro,
e o pior é que ninguém "engaveta" estes filhos da Puta...
Paízinho de merda
Duas ou três palavras apenas...
O esterco no futebol e arredores data do tempo em que, de desporto, foi despromovido a espectáculo. Acredito que isso em Portugal terá acontecido pelos meados dos anos 50 do século passado. Os "artistas" concentravam-se nas equipas da capital do império, tempos em que Atlético, Oriental, Estoril, Carcavelos, Casa Pia e outros faziam número e Benfica, Sporting - e até o Belenenses - faziam o cartaz deste pequeno e atrasado mundo. O Porto por essa altura passou a ser um sistemático outsider. O império vivia uma crise aguda com o crescimento económico e minado por uma guerra que se sabia perdida. O circo futebolístico tinha a sua sede na capital e era aí que, num mundo em que o que parecia, era, os cozinhados se faziam.
Isto é apenas uma ajudinha para avivar memórias e sugerir alguma perspectiva histórica. Claro que o que era esterco nesse tempo não deixou de o ser com a democratização do país, pela singela razão de que não pode haver democracia sem transparência e o mundo desses negócios com que se alimentam os egos dos desportistas de bancada é muito, muito escuro e opaco. É ver - pela Lusitânia e pelos restantes países filiados na... FIFA - a quantidade e a qualidade da rede de interesses políticos, financeiros, económicos e futebolísticos. Nem vale a pena mexer mais nesse ponto, tal a evidência da esterqueira e do conformismo generalizado dos cidadãos, calados em geral com sábias constatações do género "é assim por todo o lado" (assunção da globalização da negociata?) ou "isto é se queremos o espectáculo"...
Ao laxismo soma-se depois o "proselitismo moral", segundo o qual só têm existência real os negócios escuros que prejudicam o clube preferido ou beneficiam o inimigo...
É tudo uma grande porcaria, de facto. De tal modo que já nem têm grande aparência de honestidade algumas pessoas que passam por esse mundo e que, se calhar, até o são.
Por deformação da minha personalidade, devido a factores que não vêm ao caso, sou céptico nessa matéria - como noutras, aliás. Não confundo, no entanto, a sistemática abordagem da realidade usando ferramental vário e, sobretudo, a cartesiana dúvida, com o comer sem cheirar o "pronto a devorar" que é servido por aí com o maior desplante. Nunca se injuriaram tanto os cidadãos deste país como desde que se começaram a servir nacos cirurgicamente esquartejados de peças que não estão sequer acessíveis (muito menos na sua totalidade...) e que, com o necessário tempo de putrefacção, irão ser tratadas pela máquina judicial nacional... Ao antecipar a degustação antecipam-se juízos, vai-se dando a comer certo pão ao povo do costume, o povo do circo...
Tudo para chegar aqui:
E então como é que funcionam os órgãos colegiais, aqui e em qualquer parte do mundo? Será que todos e cada um dos elementos que o constituem vivem hermeticamente fechados na sua cúpula de cristal, à la Howard Hughes, e apenas trocam impressões nos dias aprazados para as reuniões? Será que é absolutamente impossível antecipar - por trocas de impressões prévias ao dia da formalização do acto, às claras, entre os membros que constituem tal colégio - qual vai ser o resultado que, salvo imprevistas mudanças de opinião (que às vezes até acontecem...), eles vão formalizar no dia agendado?
É uma coisa do arco da velha que um pressuroso futebolcrata corra a dar a notícia ao senhor a quem quer agradar? Só gostava de agradar ao senhor Costa? Não há mais pressurosos desde os corredores dos poderes vários deste pobre país que prestam vassalagem a outros senhores?
Porquê preferir as "verdadezinhas" pintadas a gosto de certas cores, em vez de assumir o castanho amarelado das cores que caracterizam de verdade a generalidade desse espectáculo que só por humor se chama de desporto e que é apenas isto: um espectáculo caro, sem estandartes de valores e de princípios?
Por mim, até podem abolir o futebol profissional em Portugal. Mas convirá não abolir a inteligência.
jlsc
PS: O coçador "nalua" é que é o famoso "Paizinho da merda"?!
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