Há poucas coisas que eu não consiga fazer com uma chave de grifos e um bom martelo. A diferença entre mim e um daqueles tipos que diz "Ah! Eu não tenho jeito para essas coisas" é que eu me atiro às reparações e por vezes tenho de arcar com as consequências do desastre. Tendo dito isto, recordo-me de algo sobre o qual já escrevi (mas como tenho imensa vergonha do sucedido nem vou procurar o link...) sobre a última vez que disse a alguém "Ah, mas isso é apenas mudar a torneira...". Se a vossa memória para os momentos menos bons for melhor do que a minha (coisa que tende muito a acontecer com a desgraça alheia), recordar-se-ão de uma mudança de torneira que redundou em bombeiros, pedreiros, polícias e vizinhos irados às duas da manhã. Passaram anos sobre esse infausto acontecimento, não os suficientes para que me tenha esquecido.
Quando há dias percebi que a torneira de serviço de um dos terraços cá da casa vertia água em quantidades cada vez mais apreciáveis, a minha voz interior disse "Está quietinho e chama um canalizador". Eu ouvi-a, eu juro à fé de quem sou que a ouvi. Ela repetiu o aviso durante mais de quinze dias e cumpre-me até dizer que procurei um oficial da arte que cumprisse o desígnio. Se bem que todos os profissionais contactados me olharam de alto a baixo e me disseram com o olhar (e apenas com o olhar) "Fosga-se se pensas que venho de casa do diabo mais velho para te mudar uma torneira, podes tirar o equídeo da chuva". Nenhum mo disse, mas eu seja ceguinho (já faltou bastante mais, é um facto) se não o senti pela espinha abaixo. Hoje, a minha voz interior, quem sabe enrouqueceu e eu fui buscar uma torneira nova. Há momentos em que um tipo merecia que uma mão gigantesca descesse dos céus e o esmagasse até ser necessário retirarem-no à espátula do alcatrão da rua. Há, há momentos assim. Que nunca sucedem.
A torneira nova, que em boa verdade não me mereceu confiança nenhuma desde o momento em que lhe botei (e neste blog é a primeira vez que se usa esta terminologia) as mãos, não cumpriu a sua missão. Desfez-se! Sim! Desfez-se quando a girava na rosca do tubo. Isto parece simples, é simples para quem lê, um nadinha pior para quem o faz. Passei a última meia hora da minha miserável existência de canalizador a tentar retirar um fragmento de rosca de dentro do tubo para poder recolocar a torneira antiga, que mesmo pingando me parece agora uma excepcional torneira. Magoei-me, disse palavrões que não me atrevo a reproduzir, suei que nem um cavalo de corrida e ao fim de muitas tentativas disse para comigo e para os suados comigos de mim "Isto precisava era de uma chave de grifos...". Fui salvo in extremis de ficar à míngua de sede e banhos até alguém vir em meu socorro. Com a maior chave de grifos que já vi na minha vida. A torneira velha voltou ao lugar. Veda agora muito menos do que vedava. Que importa. Amanhã também é dia. E já tenho uma lista telefónica com uma longa lista de canalizadores a quem telefonarei logo pela manhã.
Quando há dias percebi que a torneira de serviço de um dos terraços cá da casa vertia água em quantidades cada vez mais apreciáveis, a minha voz interior disse "Está quietinho e chama um canalizador". Eu ouvi-a, eu juro à fé de quem sou que a ouvi. Ela repetiu o aviso durante mais de quinze dias e cumpre-me até dizer que procurei um oficial da arte que cumprisse o desígnio. Se bem que todos os profissionais contactados me olharam de alto a baixo e me disseram com o olhar (e apenas com o olhar) "Fosga-se se pensas que venho de casa do diabo mais velho para te mudar uma torneira, podes tirar o equídeo da chuva". Nenhum mo disse, mas eu seja ceguinho (já faltou bastante mais, é um facto) se não o senti pela espinha abaixo. Hoje, a minha voz interior, quem sabe enrouqueceu e eu fui buscar uma torneira nova. Há momentos em que um tipo merecia que uma mão gigantesca descesse dos céus e o esmagasse até ser necessário retirarem-no à espátula do alcatrão da rua. Há, há momentos assim. Que nunca sucedem.
A torneira nova, que em boa verdade não me mereceu confiança nenhuma desde o momento em que lhe botei (e neste blog é a primeira vez que se usa esta terminologia) as mãos, não cumpriu a sua missão. Desfez-se! Sim! Desfez-se quando a girava na rosca do tubo. Isto parece simples, é simples para quem lê, um nadinha pior para quem o faz. Passei a última meia hora da minha miserável existência de canalizador a tentar retirar um fragmento de rosca de dentro do tubo para poder recolocar a torneira antiga, que mesmo pingando me parece agora uma excepcional torneira. Magoei-me, disse palavrões que não me atrevo a reproduzir, suei que nem um cavalo de corrida e ao fim de muitas tentativas disse para comigo e para os suados comigos de mim "Isto precisava era de uma chave de grifos...". Fui salvo in extremis de ficar à míngua de sede e banhos até alguém vir em meu socorro. Com a maior chave de grifos que já vi na minha vida. A torneira velha voltou ao lugar. Veda agora muito menos do que vedava. Que importa. Amanhã também é dia. E já tenho uma lista telefónica com uma longa lista de canalizadores a quem telefonarei logo pela manhã.
11 comentários:
I believe you can cry...i believe you can fly.
LOL, da próxima vez que a voz te falar faz ouvidos moucos faz ;)
Já agora, o que é uma chave de grifos? É que tenho aqui uma torneira a pingar.. :(
É isto J. Camilo http://www.ferramentasbauru.redeopen.com/ferramentas_manuais/chave_de_grifo_12/
mas a bem da sua saúde mental e física chame um especialista
Obrigado Ana
Já vi, não sabia mesmo. Para mim são todas inglesas.
Mas, já agora, informo V. Exa que, na semana passada substitui as torneiras da minha banheira. Não ficaram a pingar, não emiti palavrões (coisa vulgar nesta casa), nem magoei os dedinhos.
AJ. Camilo ainda bem, desculpe ter duvidado das suas capacidades.
Pedro: acho que acabaste de encontrar quem te vai tratar da torneira, é só convenceres o J. Camilo a vir contigo depois do repasto ;)
Ora se não fossem estas coisas não haveriam boas histórias para contar, visto assim deve ter sido muito engraçado
Troco a tua chave de grifos por um alicate! E canto:
Agora é que a corrida estoirou, e os animais se lançam num esforço
Agora é que todos eles aplaudem, a violência em jogo
Agora é que eles picam os cavalos, violando todas as leis
Agora é que eles passam ao assalto e fazem-no por qualquer preço
Agora, agora, agora, agora, tu és um cavalo de corrida
Agora, agora, agora, agora, tu és um cavalo de corrida
E que espécie de alicate queres tu? Universal? Pontas? Corte? Sim, eu tenho um fétiche grave com ferramentas...
Um universal chega-me. E se o aço for bom, nem preciso do martelo!
That's my man! :)
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