21 outubro 2007
Märklin, 25 anos depois
A última vez que me babei frente a uma montra de comboios Märklin foi há vinte e cinco anos frente à montra da muito saudosa "Kermesse de Paris", uma loja de brinquedos técnicos que existiu ao lado do Terminal do Rossio. Nunca tive, mesmo nos meus sonhos mais ousados, nenhum conjunto de comboios e linhas deste fabricante. Porque não era possível e pronto, matava-se o vício em casa dos amigos mais ricos (que à semelhança dos comboios, também não abundavam...), com noitadas no período de férias escolares a montar a traquitana toda, monopolizando muitas vezes múltiplas salas, quartos e corredores. Muitos anos depois de se me terem esgotado os sonhos, tive um cliente (onde anda, Vítor Manuel?), um realizador da RTP, que tinha, ali para os lados de Vila Franca, um armazém, sim, um armazém, onde vi permanentemente montado o maior e mais completo setup de modelos de caminhos de ferro que competia em tamanho e detalhe do cenário com as mais reputadas colecções europeias. Relais, múltiplos switches e inversores, aquilo era muito mais do que um setup, era uma autêntica orquestra ferroviária que me fascinou durante muito tempo. E conheci o Vítor Manuel, porque de uma discussão prática sobre relais, inversores e comandos de controlo de voltagem, que na altura nunca sonhei ser destinada a modelos de comboio, nasceu uma controversa relação entre o programador que eu pensava que viria a ser e o homem que me punha desafios práticos que nada tinham a ver com facturas, recibos e contas correntes. Aprendi muito sobre tomadas de decisão a olhar para uma agulha de caminho de ferro, e bastante mais sobre a não decisão que por norma conduzia ao desastre... Vinte e cinco anos depois, um amigo alertou-me para as novas gerações de comboios Märklin, a geração digital. Quando hoje abri um catálogo da marca, percebi em segundos que se acabou toda uma época analógica, com metros e metros de cabo de corrente a alimentar agulhas, semáforos e demais necessidades. Adeus transformadores, tropeções desastrosos nos fios estendidos e (mal) enrolados por cima das mesas. Hoje, para meu espanto (um espanto um bocado parvo), tudo é digital, com locomotivas, agulhas e semáforos programáveis a partir de uma consola de touch screen. a informação a correr nas linhas para chegar a todos os pontos do circuito. Do velho reóstato passou-se a um terminal de comando com links físicos capazes de permitir autoridade do controlador a detalhes mínimos, impensáveis na era analógica. como as luzes de marcha de uma locomotiva, a capacidade de definir velocidades variáveis de marcha, recuos, mudanças de tramo e muitíssimo mais escolhas. E tudo isto sem contar com a possibilidade de integrar software de comando, controlo e planeamento de pistas. Pensar que o Sr. Märklin começou a fabricar casinhas para bonecas há 140 anos...
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3 comentários:
Essa Kermesse de Paris também muito me fez sonhar!
Mas melhor havia na Rua do Ouro!
2 lojas lado a lado, Biagio Flora há muito desaparecido e o Bazar Tadeu ainda em actividade e que deve andar nos seus 125 anitos! :o)
Biagio Flora era um Senhor extraordinário que tinha um layout incrível!
Nessa altura os vagões compravam-se em kit...
bem mais baratos!
Os meus Märklin ainda funcionam mas infelizmente
são incompatíveis com o fabuloso Sistema Digital!
Falando com o meu "actual dealer" nos interrogámos sobre o que diria uma criança dos nossos dias, recebendo um Combóio Eléctrico...!
Nem o haveria de querer...!
E por muito high-tech que Märklin seja actualmente!!!
Lego com os seus Robots MindStorms também o é!
Que recordações transmitirá aos netos pela PS3?
Excelentes, imagino.
Nesses tempos futuros melhores brinquedos
existirão mas a paixão de alguns pelo modelismo
ferroviário talvez ainda permaneça!
Märklin foi fundada no século XIX...!
G.
Eu o máximo que cosegui foi um TGV da LIMA. Mas está novinho!!!
Muita inveja eu tive desse TGV...!
Um primo o tinha!
Está à venda?
G.
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