03 novembro 2007

Deo gratias

Quando, no decorrer da minha actividade profissional, me relaciono com figuras de visibilidade pública acima da média há sempre uma parte de mim que me avisa que tudo no mundo é transitório e relativo. Se já encontrei pessoas a quem a fama não subiu nunca à cabeça e sempre se revelaram "people like us", o tipo de gente capaz de se sentar comigo a divagar sobre coisas comezinhas e banais, outros há em que no minuto em que começamos a falar fazem soar as minhas campainhas de alarme como que um aviso divino que diz que mais cedo ou mais tarde a respectiva veia de vaidade há-de estalar-lhes. Como já cumpri a minha quota de decepções com o género humano, pouco me importam essas manias de vedeta. Só muito raramente fica um gosto amargo de desconsideração. Quando, esta semana, incomodei com um telefonema o "Deus" da neurocirurgia nacional e nos sentámos numa taberna de Lisboa (fiquei sabendo que há tabernas em Lisboa que abrem às seis da manhã) a ler relatórios clínicos da minha mãe, (pessoa que ele nunca conheceu), enquanto comíamos pastéis de bacalhau acompanhados de café deslavado, lembrei-me de todos os outros pequenos deuses que rapidamente se esquecem por quem foram ajudados e que apenas conservam o nosso contacto quando a desgraça técnica os atinge. Tenho varrido da minha agenda alguns desses nomes, outros há que tenho a certeza de não vir a viver o tempo suficiente para lhes agradecer o simples facto de existirem.

12 comentários:

Ana Ferreira disse...

Pena o café deslavado, isso a essa hora matinal caía bem era uma poncha (ainda bem que o Arroz vem pouco aqui ao blog, ainda o mato de horror)

Anónimo disse...

só conheço um DEUS da neurocirurgia nacional... trabalha no porto.

Anónimo disse...

"só conheço um DEUS da neurocirurgia nacional... trabalha no porto."

Ó estudante de medicina, ainda bem para ti, mas também me quer parecer que há mais coisas a "retirar" da vida do que os DEUSES.
Vê se aprendes ou nunca vais estar às 6 horas da manhã a beber café deslavado e a comer bolos de bacalhau.

Anónimo disse...

Ó Ana
Já agora o que uma poncha?

Anónimo disse...

Ó Isabel Camilo deduzir que ainda me falta aprender para " estar às 6 horas da manhã a beber café deslavado e a comer bolos de bacalhau" é muito presunçoso da sua parte. Guarde esse tipo de considerações infundadas para si.

Anónimo disse...

Então assim sendo, sou a presunçosa que trabalha e vive no Porto, mas assumo que deve haver mais no país.

Não é meu hábito fazer esse tipo de avaliações, dado que não é menos presunçoso escrever "só conheço um DEUS da neurocirurgia nacional... trabalha no porto."

É que de água benta, estou eu cheia...

O que eu pretendi alertar, sem sucesso, era que presumir que o DEUS seja do que for está no Porto, está fora do contexto.

O que interessa retirar, é a experiência vivida pela pessoa que precisava de ajuda e pelo Deus que desceu à terra.

É preciso ter bons discípulos.

Anónimo disse...

"Não é meu hábito fazer esse tipo de avaliações". Até pode não ser, mas que fez, fez.

Quanto a encontrar algum tipo de presunção na minha afirmação é completamente impossível. Apenas se encontra aqui a minha experiência pessoal e subjectiva: só conheço uma pessoa considerada um "Deus" da neurocirurgia e por acaso trabalha no Porto.

Além dos bons discípulos a boa educação e o respeito também são precisos.

Anónimo disse...

Prazer em o conhecer.
O meu nome é Isabel Camilo

Anónimo disse...

Igualmente.
Luís Neves.

Anónimo disse...

Há muitos deuses, não se chateiem por isso... Há uns que descem à terra e que, pasme-se, até são humanos como nós... Outros há que estão tão alto e embriagados (por falta de oxigénio, pois é sabido que este rareia nas alturas) no Olimpo que de lá não descem.

382 U disse...

No Porto, que eu saiba, Deus só há um, o Pinto da Costa e mais nenhum (a não ser o Lucho, quando está inspirado)!

382 U disse...

daniel, o hindu do javali?