01 dezembro 2007

A noite passada

A sala estava cheia, na verdade um pouco mais do que isso até. Duas horas de ritual, ritmos vivos de pergunta e resposta. É duro ter de combater com a voz o ruído ambiente de uma grande superfície mas é o tom dessa mesma voz que alguém me deu que chama até à zona da plateia muitos espectadores inesperados. É engraçado vê-los chegar, sacos na mão, pés fincados, deixa-me lá ouvir o que este senhor está a dizer. Minutos depois o apresentador já os vê pousar os pertences, apoiarem o corpo numa só perna e começarem a apoiar-se numa caixa ou numa prateleira. A moldura à volta da zona delimitada para o Workshop esteve sempre muito bem composta. Há um grupo em que com toda a certeza há um utilizador Mac, já que a cada acinte, a cada piada, ele mete-se com os amigos. Pena que eu já não consiga ver tão bem como outrora para os apreender a todos. Rodo o olhar pelas caras da plateia e encontro-as conhecidas e desconhecidas. Lá ao fundo, uma jovem tira notas com rapidez. Há um jovem aprendiz de webdesigner sentado numa sofisticada cadeira de rodas que me sorri de quando em vez quando o fito directamente. Há um final feliz numa noite de Sexta Feira em dia de somas de cansaços. Saldo francamente positivo, nas palavras dos responsáveis do espaço, "talvez a excederem-nas", quem sabe? Sei eu, que vendo mal, vou, enquanto o cérebro alinha o discurso de mais um slide, lendo as almas e os corpos. Ah se vocês soubessem o que se lê nos olhos de quem nos escuta...

Fotografia: Ana Amil

8 comentários:

Anónimo disse...

E eu que não pude lá estar!!! Parabéns e obrigado pelos outros a que tive o previlégio de assistir e aprender.

botinhas disse...

E é sempre TÃO bom ouvir-te!

Ana Ferreira disse...

E essas acções não se estendem às ilhas? Também somos filhos de Deus

Anónimo disse...

Pois somos :)

Anónimo disse...

"Ah se vocês soubessem o que se lê nos olhos de quem nos escuta..."

Fez sábado 8 dias fomos tomar o nosso habitual café matinal num pequeno espaço agradável frente à praia de Leça da Palmeira. De repente apareceu o G. acompanhado do pai. G. tinha uma energia fora do comum e demonstrou uma alegria contagiante desde a entrada no café. Faz uma visita rapidissíma a todos os pequenos escaparates de exposição de diversos artigos existentes (bolos, qualidades de cafés, revistas, jornais, colecções de chávenas, etc. etc.) e, por fim, dirigiu-se à nossa mesa onde foi apresentado pelo seu pai. Estendeu a mão a todos e retomou a sua actividade de correria não só pelo que restava do pequeno espaço mas também pelo exterior - o Sol era agradável e o terraço (enorme ) convidativo. Obrigado pelo preocupadíssimo pai a regressar ao local e para o acalmar sugeriu que lhe fizesse algumas perguntas sobre, por exemplo, geografia. Cinco minutos depois eu tinha levado com uma lição da mesma como nunca nenhum professor me tinha dado. G. não teve qualquer dificuldade em explicar que eu estava enganado em relação à capital do Butão. Que não, Butão apesar de ser provavelmente o mais pequeno país do mundo, tinha uma capital com nome próprio (ao contrário, por exemplo, do principado do Mónaco e outros referidos) e que se chamava Typhum. Após o desafio de perguntas sobre todas, repito todas, as capitais europeias e mundiais e respectivas respostas correctas, deu por terminada a conversa quando me perguntou qual era a matrícula do meu carro já que, entre muitas coisas, adorava automóveis. Respondi-lhe que só me lembrava das letras finais da mesma, que eram ID. Não se deixou ficar e sugeriu-me uma leitura rápida pelos documentos do carro. Sem lhe mostrar, informei-o das mesmas e ao virar as costas porque sabia que tinha de se ir embora respondeu-me que o o meu carro, pelos números que lhe referi, era de 1997.

G. tem 10 anos e antes de me despedir disse-lhe que "reconhecia não saber mais do que uma criança de dez anos" e ele, pela primeira vez, olhou-me de frente e com um ar crítico e de quase reprovação deu-me a entender não perceber porque é que perdia tempo com essas coisas (!!!!!???).

"Ah se vocês soubessem o que se lê nos olhos de quem nos escuta..."

Carlos Fonseca disse...

Eu passei por lá à tarde, tinha acabado de brincar pela primeira vez com o Touch que eles tinham lá em exposição e quando me fui embora reparei no aparato de tar lá a por o projector a jeito e assim. Naquele momento percebi exactamente o que era aquilo embora não me lembro de ter visto qualquer anuncio sobre. Tive alguma pena de não poder ficar lá mas tinha mais que fazer :P

Pedro Aniceto disse...

Carlos, o anúncio deste Workshop foi feito em múltiplos locais, até aqui mesmo neste blog.

Anónimo disse...

Foi uma boa experiência de facto, também para quem do lado da plateia entendeu os à sua volta.

Obrigado