27 dezembro 2007

Smoke gets in your eyes


A poucos dias da entrada em vigor da famosa "Lei do Tabaco" penso que ainda não tomei consciência em plenitude de todas as restrições e implicações às quais o meu vício vai, a torto e a direito, enfrentar. Eu sou um fumador, não haja dúvidas. Tenho absoluta consciência da patetice que é a minha própria adicção apesar da minha auto-análise ficar grata de na lista dos meus prazeres politicamente incorrectos não figurarem alguns outros que são, do meu ponto de vista, bem piores. Tenho certezas de muito poucas coisas, salvo a da minha completa falta de paciência para fundamentalistas (seja de tabaco seja de muitas outras coisas). Os fundamentalistas, à medida que as folhas do calendário vão caindo, vão brotando debaixo de locais insuspeitos, mas prometi a mim mesmo continuar a ignorá-los apesar de em algumas situações me apetecer ser rude e responder na mesmíssima moeda. Como fumador concordo com a lei. Pode parecer um contra-senso (e é-o em certa medida), mas concordo. Não tenho dúvidas que a sociedade portuguesa vai alterar os seus hábitos e como tal também alterarei os meus. Como não me parece muito provável que venha a deixar de fumar a curto prazo é bom que me vá preparando. A questão parece-me muito complexa e é, ao contrário do que vou ouvindo, completamente transversal. A hotelaria vai ter benefícios mas os custos "invisíveis" ainda estão por contabilizar. Duvido que venha, nas minhas escolhas de hotelaria e restauração a usar os serviços de espaços "100% livres de fumo". Se não me discriminam numa coisa, não me discriminarão também na hora de receber o meu dinheiro. É absolutamente verdade que até à data, e numa revisão "en passant" dos espaços que frequento, são poucos, muito poucos os espaços públicos de restauração que planeiam fazer obras de adaptação. Mas estou convicto que serão esses mesmos espaços a sentir onde mais dói (na caixa) a escolha que fizeram. Não tenho nenhuma dificuldade em perceber que seguramente 10 a 15% da despesa de uma refeição é efectuada depois da mesma ter terminado e não tenho problema nenhum em assegurar que a maior fatia desse consumo provém precisamente de fumadores. Ao preço a que se vendem as doses de whisky e bebidas espirituosas, alguém fará as contas melhor do que eu. Transferirei, sem qualquer sombra de dúvida, muitos dos meus cafés esporádicos para o vending ou suprimirei grande parte deles. A hotelaria que optar por não me querer terá resposta similar. Nesse capítulo ainda posso optar.

12 comentários:

Anónimo disse...

Eu nunca vi nenhum fumador deixar as janelas do carro fechadas quando fuma. E os que conheço dizem sentir-se incomodados com o próprio fumo.

Sempre tive amigos e familiares fumadores mas ainda assim acho que é um vício... vá, parvo.
Felizmente, nunca me desertou grande interesse e consegui manter-me livre durante 27 anos (and counting!).

Não tenho nada contra quem fuma, obviamente, mas por favor não me atirem fumo para cima.

Acho que é apenas uma questão de respeito e educação. Assim como eu não ando por aí a cheirar mal dos pés ou dos sovacos ou a soltar gases a torto e a direito (seja lá de onde for eh eh), acho simpático também os fumadores não deitarem o fumo para cima das outras pessoas.

Mas extremismos também não.
Apesar de concordar com a lei, acho que é dura demais (ou pelo menos penso já que não a conheço a fundo [se alguém tiver link com mais info, agradeço imenso]).

Eu não me considero um gajo muito esperto mas porque raio não se organizam, por exemplo, restaurantes, bares, discotecas, cafés, pastelarias, cada uma das especialidades, e fazem uma espécie de rotação, tal como existe nas farmácias?

-Hoje não se fuma aqui? Então vou ao do lado. Venho cá amanhã.

m.camilo disse...

Pedro
Bota aí mais um... ;)
Para mais, aprendi a cozinhar. E não é que tenho poupado como ó caraças?

Ah...é tão bom pôr o carro virado para o mar aos domingos de manhã com as portas todas abertas.

kincas disse...

http://www.dre.pt/pdfgratisa5/2007/08/15600.pdf

Uma situação que concordo plenamente com a Lei é a questão dos trabalhadores.
Os empregados da restauração (especialmente certos cafés) não têm de apanhar com a fumarada todo o dia.
Espero que assim se criem sistemas capazes de ventilação e tratamento de ar.
Agora não posso também com fundamentalistas.

filipe m. disse...

E ainda dizes tu que não fazes provocação barata... ;)

Pedro Aniceto disse...

E ainda dizes tu que não fazes provocação barata... ;)


Escapa-me algo?

filipe m. disse...

E perguntas-me a mim? Eu nem tenho nada contra Franceses...

Pedro Aniceto disse...

A expressão correcta parece ser "fobias" e não "coisas contra". Move on!

Nêspera disse...

Pois eu que sou fumadora vai para cima de um tempão (nem gosto de pensar nisso) apoio, subscrevo e resigno-me a esta lei.
Fumar é nojento, é caro, faz mal, não me parece existir qualquer argumento em defesa do fumador. Não há cá "direitos" nem "liberdades individuais". A liberdade de escarrar para o chão - apesar de ainda praticada por muitos - já não é aceite de bom grado.
Temos mesmo é de ser descriminados. Há alguma dúvida que nós, fumadores, é que estamos errados?
Se me passo da cabeça com gente que não se lava e cheira mal como posso exigir que tolerem a pestilência do meu cigarro?
O que eu queria mesmo era deixar de fumar mas é tããão difícil. Já consegui, duas vezes, um ano de cada vez mas falhei. É vício duro.
Mas hei-de conseguir.

Anónimo disse...

Eu tenho fobias a coisas contra, e coisas contra as fobias.

Luís Maia disse...

P Aniceto

Se eu ainda fumasse procederia exactamente como tu.

Aos fumadores que querem deixar de fumar como eu, comecem amanhã a fumar (apenas) SILK CUT daqui a dois anos, quando o vicio da nicotina for nulo deixam de fumar de um dia para o outro.
Eu fumava 3 maços por dia.

Luís Maia

O Gato Preto disse...

A nossa sorte (dos fumadores) é que o nosso país tem um clima temperado pois se fosses como eu fui a NewYork com -15 celsius e com a lei que não se podia fumar debaixo de nenhum teto, ai, ai, ai, aí é que era sofrer para fumar, e aí é que era fumar à pressa.
Volto a dar o melhor exemplo de convivência na restauração:
No Brasil fui a restaurante que tinha uma placa pequena na mesa onde de um lado dizia:
-Se é fumador tente fumar menos neste restaurante.
E no outro:
-Se é não fumador, por favor tente tolerar um pouco o fumo dos outros.
E nos dois lados da placa dizia:
-Por um mundo mais tolerante para todos.
(Lá também é mais fácil por causa do calor, está sempre tudo aberto, e muitas vezes nem existem janelas ou paredes à volta.)

GatoPreto, ex-fumador (2anos) mas que tolera o fumo muito facilmente.

Satri disse...

Algo que pode ser util para o dia-a-dia do fumador :)

http://www.locaispermitidofumar.blogspot.com/

http://apdeites2.cedilha.net/?page_id=782

Abraço