27 abril 2008

Curioso este mundo em que vivemos

Debaixo de um sol que não mostra clemência estive uma hora e meia entre algures e coisa nenhuma com uma avaria mecânica no carro que conduzia. Presumo na altura (e confirmou-se mais tarde) ser coisa grave, correia de distribuição e consequente amálgama de válvulas. Passam carros, na sua absoluta indiferença, que me confunde porque eu não sei ser assim. As únicas duas pessoas que se acercam de mim, uma pede-me um cigarro e outra tenta cravar-me umas moedinhas. Nada está tão mal que não possa piorar.

8 comentários:

Anónimo disse...

E assim vai o mundo!

Unknown disse...

O Afonso estava tão enganado quando disse "em cada esquina um amigo".

interventoria disse...

Portugal não era assim!

Nêspera disse...

Nunca ouviste falar em carjacking?
A malta anda com medo, muito medo, que nos dias que vão correndo é a melhor forma de manter as gentes quietinhas.
Os miúdos já não podem jogar à bola na rua porque em cada esquina, o amigo é papão e ninguém ajuda ninguém que não se conheça de infância e com referências dadas.

Portugal já é assim.
Há um ano, estava eu numa grande superfície, senti-me mal. Nada de cuidado. Sentei-me no chão, cabeça entre as pernas, meia hora de recuperação. Nem uma alminha me perguntou se precisava de ajuda. Nem uma.

Joel disse...

Phonix!!!!

r. disse...

nêspera: Aconteceu-me o mesmo numa maratona na Vasco da Gama.
Sentei-me no chão sem conseguir respirar, umas dores horríveis pelo corpo todo. Estive à vontade 30 minutos assim e pensei mesmo que não escapava tais eram as dores. O meu erro foi ter obrigado o grupo que ia comigo a continuar sem mim, e dizer que estava bem, só um pouco cansada. Continuando. Já com lágrimas a correr pela cara escondida, ouço alguém que me pergunta se estava tudo bem.
Acreditem ou não, o senhor que me prestou ajuda, tinha uma prótese numa perna, andava com muita dificuldade e com moletas, ajudou-me a levantar, levou-me até ao seu carro que estava adaptado à sua incapacidade (ele morava ali nos prédios da expo) e levou-me ao Hospital.
Isto passou-se há coisa de 6 ou 7 anos, não sei bem. O senhor chama-se João Bicho, e é jurista. Não foi a única vez que me "salvaram a vida" mas este senhor fê-lo com um altruismo desmedido.

E sim. Infelizmente cada vez mais nos isolamos do sofrimento alheio. Por um lado para nos defendermos a nós próprios, mas existe tanta indiferença e comodismo...

r. disse...

Ah... e parabéns pelas tuas mágicas ilustrações. Não pude deixar de ir cuscar. :)

Nêspera disse...

Obrigada!!! (Corei...)