Excitam-me as coisas simples. Um andar, um sorriso, um menear de cabeça, cabelo ou ancas. Coisas simples. Não que as procure, as cace ou lhes monte armadilhas. São elas, as coisas que decidem revelar-se perante os meus fracos olhos e fazerem-se acontecer. Ao perturbarem-me, fazem por vezes com que da cinza monótona do meu dia se levante alguma cor. E não necessariamente ocorram da sensualidade ou da líbido. Não. Pode ser apenas um telefonema, um email ou quinze de segundos de uma canção na rádio. É da minha imaginação fértil que pega em episódios frívolos e triviais. É desse forno de cerâmica mental que surgem os grandes milagres da transformação do humor. Como vê-la, esbelta e insinuante, dondoca e frágil na estação de serviço pegando na mangueira da água como se manejasse uma perigosa serpente e vê-la interrogar-se olhando para o longo tubo negro sobre as razões da falta do líquido. É vê-la, descuidada, manejar a torneira. É ir gritar-lhe "Cuidado!" quando a água irrompe pela saída e a molha de cima abaixo entre gritos histéricos. É vê-la morrer de vergonha muda perante terceiros e nada poder fazer, nada querer fazer. É ver-lhe a roupa colada ao corpo, qual Miss Estação de Serviço, agora menos dondoca e mais húmida e na rádio alguém fala de Playlists. Excitam-me as coisas simples.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Estou mesmo a ver-te muuuito mas mesmo muuuito preocupado, com a posição da boca da mangueira viradinha para o corpo "esbelto e insinuante", aos gritos de cuidado.
'Tá bem abelha...
One word: YouTube.
Isso é mais ou menos a figura que um gajo faz a tentar perceber para que serve um Eyeliner. Com uma diferença, além de mais perigoso, não tem nada de sensual.
Vou ali tomar uma ducha fria e já volto... sim?
Enviar um comentário