01 abril 2008

Not so fast, comrad!

Um Avante mais novo que eu apenas três dias. Tenho algures uma edição dos anos setenta que surripiei de um buraco numa parede de um prédio devoluto onde percebi que havia volta e meia algumas movimentações curiosas. Do alto do meu quarto andar, munido de uns binóculos de ópera (que não faço a mínima ideia de onde surgiram) eu dominava metade da minha rua e deparei acidentalmente com um ponto de depósito de materiais menos legais. Lembro-me de ter sido advertido pelo meu pai que aquele jornal, que eu não entendia, não era propriamente para se andar a mostrar e e foi-me rapidamente apreendido. Recuperei-o mais tarde mas nessa mesma semana explicaram-me, no primeiro andar do meu prédio, que havia gente que tinha de fugir por razões que eu levei anos a entender. Os mesmos binóculos que me mostraram silhuetas femininas nuas, o 25 de Abril, o 1º de Maio e os Fiat do 11 de Março do alto do meu telhado de Lisboa. Estão ali, não tenho coragem de me desfazer deles.

4 comentários:

r. disse...

Xii... esse jornal não é só velho, é uma RELÍQUIA!!!
:D :D :D

(Também há canto aqui neste estabelecimento?)

Adérito disse...

Esse jornal para além de ser uma relíquia é uma verdadeira riqueza do ponto de vista informativo, por muito que custe a muito boa gente, é um facto que o Avante alerta, e o JN e restantes pasquins anunciam as mortes... os suícidios, os asslatos e as vigarices, o Avante está bem de saúde e recomenda-se...

Adérito Machado

r. disse...

Adérito, obrigadinha! Estava a ficar ligeiramente fuzilada pelo silêncio :] É que eu até sou boa gente....

'tou ali no meu canto, 'tá?

Chinchila disse...

Só me apercebi que nao vivíamos em liberdade quando, após eu ter maquilhado o retrato do Américo Tomás no meu livro de leitura da 4ª classe, o meu pai se assustou pensando que alguém poderia ter visto. Levei um ralhete, mas também me explicou o que eram "informadores" e a razão que o levava a ler o livro "Portugal e o Futuro" com uma outra capa a tapar a verdadeira.