29 junho 2008

Coisas que sucedem muito depressa

Aconteceu tudo muito depressa, tão depressa que a maioria dos presentes só tomou conhecimento da tempestade quando se escutou o primeiro trovão, acontece muito, está um rancho de gente distraída a desfiar banalidades para enganar o calor e paf! ouviu-se um estalo, um estalo é curto como substantivo, eu iria até jurar que com o calor que estava uma metáfora se tinha instalado mais depressa que um lagarto ao sol fugiria caso o tivesse ouvido. Aquilo que eu ouvi e vi foi um valente par de estalos, o rancho de gente que desfiava banalidades parou a conversa, nem olhámos uns para os outros muito menos os outros tiveram tempo de olhar para os uns, foi tudo muito rápido, aconteceu muito depressa, ela chegou à mesa do rancho, escolheu o alvo que vinha já premeditado, assentou-lhe duas valentes chapadas, lamparinas de primeira água, estampilhas não que estampilhas são mais másculas e elas eram duas. A coisa foi muito rápida, nem tive tempo de desencostar o bordo de vidro dos lábios que apreciavam o sabor de um líquido já vagamente escocês, paf! paf! "E se voltas a tentar meter o meu filho debaixo da tua filha vais ter que te entender comigo", deu meia volta, foi-se embora tão depressa como apareceu, aí levantámos os olhos uns para todos e eu achei graça que tal filho estivesse também no rancho a desfiar banalidades e continuámos a conversar sobre a técnica da armação do ferro, conversa que não é fácil retomar depois de duas chapadas mas voltámos e isso é que interessa, ficou no ar um certo cheiro a pólvora mas a brisa encarregar-se-ia de a fazer dispersar, circular, circular que a vida continuou e eu, na dúvida, pedi outro copo.

1 comentário:

m.camilo disse...

Isto anda mesmo tudo de pernas pró ar...puro surrealismo!!! eh...eh...eh...