20 agosto 2008

Web: Let it flow, let it flow, let it flow

Não sei exactamente há quantos anos produzo conteúdos para Web, sei que são bastantes, mesmo que as estruturas nas quais participo desde 1988 tenham conhecido múltiplas arquitecturas. Comecei num tempo que hoje parece hilariante, quando os utilizadores da rede lúdica cabiam todos num Cacilheiro e ainda sobrava espaço. Tempos divertidos em que era possível conhecer pessoalmente todos os leitores de um determinado serviço e em que, atrevo-me a dizer e sou capaz de não me enganar muito, a quase totalidade dos utilizadores usava um acesso à rede piratado que consistia numa única password e login provenientes de uma empresa pública e que toda a gente usava alegremente.... Como disse anteriormente foram tempos divertidos e de constante deslumbre. BBS's, emuladores de Minitel, Blue Boxing e muitas outras patifarias técnicas na sombra de uma ilegalidade que haveria ainda de o ser e que hoje em conversas com antigos piratas de pala no olho e perna de pau, alguns deles figuras de proa de empresas de IT mais não geram que gargalhadas nostálgicas. Corria o ano dois mil e picos, lembro-me de ter tido uma conversa com o João Lúcio sobre o "boosting" de visitas a blogs, pouco se fazia mais que ser imaginativo nas keywords que o Google haveria de indexar, e insistir com ele que os conteúdos poderiam ser de excelência (e modéstia à parte até eram...) mas que não se podia fazer muito mais sem publicidade em doses industriais. Lembro de uma frase dele, qualquer coisa como "Eles vão lá parar, os números vão sempre subir, eles acabam sempre por lá chegar". Não me recordo do desenvolvimento da discussão, pouco monta, mas nunca me esqueci da frase que uso como consolo quando uma qualquer operação web se esgota em termos da promoção possível. Se hoje é possível usar técnicas de SEO (e caraças queiram notar que é a primeira vez que falo em Search Engine Optimization neste blog...) que são especificamente usadas para canalizar tráfego de determinado tipo, continuo a deslubrar-me com o Marketing viral e mais ainda com o "mouth to mouth". Quando ontem publiquei duas entradas neste blog sobre o Huga Huga do Rosário, entradas motivadas por uma questão de um leitor, fiz o meu trabalho de casa e certifiquei-me se existiria ou não na rede algum dado que me poupasse ao trabalho de informar com as minhas próprias palavras. Encontrei pouquíssimas referências, a mais sólida num texto da Junta de Freguesia do Gaio Rosário. Acabei por publicar o que provavelmente já leram e ouviram pelas duas e meia da tarde. O que é que isto tem de espantoso? Pouco. Passaram desde essa hora por este blog, pouco mais de duzentas visitas, ainda assim um número ligeiramente mais alto do que é costume para uma tarde de Agosto. Nenhuma promoção específica foi feita ao post. Às vinte e duas horas entrei no recinto da Festa e por cinco vezes fui abordado por pessoas que nem por sombras sonhei vir a ter como leitores destas páginas sobre os documentos (fotos e som) que aqui foram publicados. É uma percentagem curiosíssima que prova que mais tarde ou mais cedo o "mouth to mouth" funciona e que muitos anos depois o Lúcio tinha razão. "Eles vão lá parar".

2 comentários:

m.camilo disse...

Excelente análise sobre evolução. Se calhar as duzentas visitas registadas numa tarde de Agosto de 2008 poderão reflectir, ou não, alguns sintomas curiosos.

kincas disse...

Como também diz o "outro".

-"Deixa-os pousar!"