10 setembro 2008
Que las hay
Há uns anos valentes consultei um médico sobre um problema gástrico que então me afectava com alguma intensidade. Exames para aqui, conversas para ali, trouxe uma prescrição de um medicamento, hoje banal, mas que na época tinha acabado de ser introduzido no mercado. O clínico preparou-me mentalmente para o preço a pagar, uma obscenidade por 24 comprimidos. "Isto do Omeprazol é o último grito do mercado farmacêutico, é carote mas produz resultados". Lá me resignei, passei pela farmácia e trouxe as pílulas. Lembro-me como se fosse agora mesmo (com a diferença de que então estava sol e agora é noite escura...), cruzava a Ponte 25 de Abril, o frasco repousava no banco do lado quando ouvi a abertura de um noticiário da TSF: "Medicamento Omezolan suspeito de causar cegueira e surdez" dizia a Maria Flor Pedroso a quem a quis ouvir. Olhei para o lado, maldisse a pontaria e terei pensado "Oh diabo! Ela por ela prefiro as dores de estômago...". Há poucos dias, depois de uma crise de ouvidos, adquiri a conselho médico um spray para efeitos higienizadores dos ouvidos. A verdade verdadinha é que foi um médico que o recomendou (Saravá Daniel!) mas foi para a otite de um dos meus cachorros, mas quando o meu otorrino me disse "Compre um Audispray!" eu lembrei-me que o tinha em casa e não cheguei a comprar a segunda unidade. Usei duas vezes, os resultados não foram famosos, sempre que isto implica meter gotas ou spray nas orelhinhas a coisa nunca é muito católica. Mas estava disposto a prosseguir o tratamento. Até agora mesmo um leitor me ter enviado uma imagem. Trata-se da publicidade que a farmácia recebe do laboratório ou do Distribuidor (neste momento não posso citar o nome do leitor, muito menos precisar se ele é farmacêutico ou não - já posso, chama-se Pedro Gonçalves). Eu espero bem que esta rapaziada seja mais competente a fazer medicamentos do que a fazer folhetos em língua portuguesa. Uma coisa é certa, perdi a confiança no tal spray!
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4 comentários:
Ainda assim, prefiro os erros ortográficos à palavra "Cerúmen"...
Minha nossa... aquilo vende?
Se te consolar, as últimas gotas que tive que por nos olhos foram receitadas por uma amiga veterinária. E funcionaram!!
Baby,
They asked me how I knew
My true love was true
I of course replied
"Something here inside
Cannot be denied"
They said someday you'll find
All who love are blind
When your heart's on fire
You must realise
Smoke gets in your eyes
So I chaffed and I gaily laughed
To think they would doubt my love
Yet today, my love has flown away
I am without my love
Now laughing friends deride
Tears I cannot hide
So I smile and say
"When a lovely flame dies,
Smoke gets in your eyes."
Caro Pedro, esse é um problema com a que a minha mulher, farmacêutica (mesmo com curso, não é técnica nem vendedora) se debate todos os dias mas com o qual vamos viver cada vez mais intensamente no nosso dia a dia. Liberalizações e tal também trazem coisas más. Mas isso é outra história.
Voltando ao caso, é tudo a puxar para o seu bolso. Médicos que ganham comissões por vender determinados medicamentos em detrimento de outros iguais (vá, idênticos) preenchendo a eito as cruzinhas do "Não autorizo a venda de um genérico" a farmacêuticos que querem é vender, seja o comum Ben-U-Ron (que também deve ser tomado com cautela pois, como medicamento que é, tem contra-indicações), quer seja Xanax a jovens adolescentes ou mesmo medicamentos para bebés de meses em doses cavalares para homens de 120kg.
Felizmente ainda há profissionais de saúde competentes... ainda que escasseiem cada vez mais.
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