A Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém ou Igreja da Ressurreição, é um templo erigido sobre o local onde uma vastíssima multidão de crentes católicos crê que Jesus Cristo foi sepultado. Administrada por um emaranhado de instituições religiosas seculares, a regulamentação interna determina a existência de zonas de administração comum e reservada. É impressionante o número de passos e procedimentos a seguir para uma simples reparação no espaço pois a complexa partilha do templo por Ortodoxos, Arménios, Católicos Romanos, Etíopes, Sírios e até Franciscanos (que à hora a que escrevo isto não sei muito bem o que fazem neste filme...), torna quase impossível espetar um prego numa parede sem que exista resposta violenta de uma das partes. As disputas violentas entre partes, à semelhança das instituições, é também ela secular e são incontáveis os episódios de violência entre religiosos pelas razões mais estranhas, do simples facto dos franciscanos terem deixado uma porta aberta, o que foi interpretado pelos gregos como sinal de desrespeito, ao monge Copta que posicionou a sua cadeira numa sombra situada em território de outra facção e que foi por isso mesmo atirado para o exterior pelos sírios, qualquer argumento serve para que os homens ditos de boa vontade molhem a sopa na comunidade adjacente. A questão que agora se coloca é que a cúpula do templo precisa urgentemente de reparação. O local, que é visitado anualmente por milhões de peregrinos, apresenta risco elevado de derrocada (não há-de acontecer nada graças a Deus), tem o financiamento da obra garantido pelo Estado de Israel mas só avançará quando as comunidades estiverem de acordo, o que se revela muitíssimo complicado na minha humilde opinião. Existem precedentes preocupantes e se as partes chegarem a acordo antes que o céu se lhes abata sobre as sagradas cabeças, não tenho dúvidas que servirá de case study a qualquer prédio da Brandoa com mais de quinhentos condóminos. Atentemos na mais antiga questão do espaço que está por resolver há "apenas" cento e cinquenta e seis anos. Suponho que já ninguém saiba porquê, uma escada foi colocada na fachada por volta de 1852, em zona que era então considerada como de domínio comum. A discussão que se instalou acerca da colocação do artefacto dura desde então e como medida de comum bom senso para evitar males maiores, a desgraçada da escada continua lá, apoiada no que resta de uma cornija da fachada até que um milagre divino a faça descer. E não fosse F. ter-me enviado uma foto dele e da família desde Jerusalém, eu não teria lembrado disto.
19 outubro 2008
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2 comentários:
Também não podiam destoar muito dos usos e costumes regionais... Querias se calhar que se dessem bem?
Por acaso, meu caro Daniel, não foi nada que não me tivesse ocorrido... ;)
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