20 novembro 2008

John C. Dvorak

"Olha lá, queres ir jantar com o John Dvorak?", perguntou-me o VD. Devo confessar que achei que era uma graçola, um nome destes não cai em Lisboa todos os dias e caso fosse mesmo para valer, era um convite irrecusável. Convenhamos que não tinha de Dvorak a melhor das impressões mais a mais alimentado que estava por anos e anos de polémica e picardias variadas entre adeptos de duas plataformas computacionais que se degladiam há anos em argumentações que dariam para encher livros e livros. Tinha-o na conta de um "duro", um radical arrogante e inacessível e não podia estar mais errado. Quebrado o gelo inicial, para o qual contribuiu uma extensa conversa sobre vinhos, castas e doenças de vinha, enxertos e questões agrícolas de vária ordem, fui-me rendendo à mudança de opinião sobre o homem. Afinal de contas e apesar de ser um colunista galardoado e mundialmente reconhecido, não possui qualquer tipo de vedetismo ou tiques tão próprios destes personagens. Apesar de ser uma premiére em Portugal, John Dvorak é um tipo ultra bem disposto, capaz de confessar que tem tido péssimos resultados nas tentativas de produção caseira de vinagre ou surpreender-me e perguntar se eu sou homem para saber onde adquirir vinhos de casta Bastardo (e sim, esta de facto surpreendeu-me mesmo...), vinho do qual guarda memórias de um aniversário de casamento. Obviamente que a discussão sobre tecnologia haveria de surgir, era fatal, mas veio de forma inesperada em forma de pequenas piadas sobre os hábitos de compra de quem usa um iPhone versus BlackBerry mas sempre entremeada de conversa curiosa sobre comida, receitas e, imagine-se, linguíça! Sim, John Dvorak é um devoto de linguíça portuguesa, descrevendo com imensa piada algumas memórias de infância em que conheceu esse ícone da cultura gastronómica portuguesa, por via da colónia portuguesa de San Francisco, de onde é natural. Lá como cá, uma ASAE da vida acabou com a produção de linguíça em condições não industriais e perdeu-se o sabor, apenas reencontrado brevemente num prato da dita que lhe tocou nas entradas. Percebi que tudo aquilo era genuíno quando o prato lhe foi levantado (ainda com uma rodela...) e foi obrigado a regressar porque "era criminoso" deixá-la ir assim sozinha... A mesma genuinidade com que agradeceu o facto de o termos salvo de uma noite protocolar com ministros e entidades diversas e poder conversar com gente normal e passear um pouco numa cidade que ele mesmo afirma ter de conhecer melhor numa futura visita mais prolongada. Ficarão para as nossas memórias as historietas de um dia descrito como "an oil tank watching experience", dado que foi a Sines e assistiu às inevitáveis distribuições de Magalhães. (Quem é que lhe manda escrever sobre tecnologia?). Agendámos contactos futuros para aprofundar algumas conversas sobre azeites e vinagres e não me espantará uma nota sobre tintos alentejanos numa próxima entrada no seu blog, dada a quantidade de informação recolhida. Acabou por lhe caber a inauguração oficial da secção VIP do meu Moleskin de 2009, agenda a quem coube a tarefa de substituir a Condor e com a qual estou absolutamente satisfeito.

3 comentários:

Anónimo disse...

Interessante

http://fogodeletras.blogspot.com/

m.camilo disse...

Entretanto, o outro telefonou e eu disse-lhe que foste ouvir Dvorak...
(º_º)

vd disse...

Devo confessar que achei que era uma graçola, um nome destes não cai em Lisboa todos os dias e caso fosse mesmo para valer, era um convite irrecusável.

Não brinco em serviço ;-) O que interessa é que todos se divertiram. Até mesmo eu fico com uma opinião completamente diferente dele.