Preço genérico

Quando eu era menino (o que já aconteceu há uma pancadaria de anos...), fazia com os meus amigos um estranhíssimo concurso. Dos nossos Passes Sociais, em cujo plástico eram coladas as senhas coloridas de cada mês nunca, mas nunca se descolava a senha do mês anterior. Isto era absolutamente proibido pela Carris e Metro (ainda hoje não percebi porquê) e fazia com que do meu Passe Social se elevasse uma gloriosa pilha de autocolantes coloridos. Todos os cuidados eram poucos na fugaz exibição do passe aos revisores e a minha carteira já tinha a deformação própria de quem tinha um enorme orgulho naquela contravenção aos regulamentos com um record absoluto de vinte e seis meses cuidadosamente empilhados. Finou-se o record no dia em que um "pica" mais zeloso disse "Oh rapazinho, mas o que vem a ser isto?", retorquido por um "Pronto, está bem, eu tiro..." e a glória efémera (Sic Transit...). Hoje lembrei-me desse Passe Social (uma obra boa para ser aqui publicada) quando examinava uma caixa de um medicamento que adquiri na farmácia... Perito em detectar autocolantes empilhados, percebi que o respectivo preço já fora modificado por cinco vezes... É uma verdadeira pena que eu não saiba a data de fabrico desta caixinha, porque a a evolução do preço de venda é peculiar: 21,43 > 23,25 > 28,59 > 27,73 > 25,50

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