14 janeiro 2009

Parabéns Visicalc!

Visto à luz dos nossos dias era uma aplicação desgraçada. Corria em 32K num processador que não multiplicava nem dividia (1MHz 8-bit 6502). Mas na época era uma coisa diabólica. Era uma folha de cálculo, trisavó do Excel e eu estava sentado à frente de um rugoso Apple II no Instituto de Socorros a Náufragos no Cais do Sodré, eu mesmo a sentir-me um náufrago ali, no meio de doutores, capitães, sargentos, marinheiros e salva-vidas em geral. A missão: Substituir seis máquinas de escrever Messa, máquinas A3, onde um conjunto de senhoras de idade avançada esculpiam mapas estatísticos de actividades de salvamento marítimo. Aquele Apple II, o Visicalc e uma Seikosha que na altura me custou os olhinhos da cara e me fez perder as primeiras horas a aprender Código ASCII, foram culpados de muitas coisas na minha vida profissional. Já passaram trinta anos! Parabéns, Visicalc.

4 comentários:

Unknown disse...

30 anos tenho eu agora... e já trabalhei (aprendi) visicalc. Claro que a uns bons 20 anos atrás quando ia com o meu pai ao trabalho dele, estragar as amostras de computadores da altura.....

Velhos tempos que havia tempo para tudo... agora.. por mais informatica sufisticada, tempos sempre o stress de não acabar nada a horas...

enfim...

m.camilo disse...

Oh Nuno, são as pérolas da crise... ;)

Anónimo disse...

Eu ainda nem aos 30 cheguei. Bem, que grande máquina. Parece-me tê-la visto no 2001: Odisseia no Espaço.

Até acho que devíamos ter parado de evoluir nessa altura. Tínhamos sempre a desculpa de que o computador estava a processar os dados, agora, como diz o Nuno, estamos lixados com o stress.

JVC disse...

Mudando para outras memórias, lembro-me do meu amigo AVX que, regressado dos EUA por volta de 83, ainda no tempo dos PC, me chamou para eu ver uma coisa espantosa que ele lá tinha comprado: um rato! Em paga, passei-lhe uma coisa que tinha descoberto e que o maravilhou, o WordPerfect, com que ele arrumou o seu Wordstar.

Logo a seguir, o meu primeiro Mac, com disco externo fabuloso, de 20 MB (é mesmo M, não é engano) vendido por alguém que também já está na história mac'iana portuguesa, como o PA e que eu fui seguindo no seu percurso empresarial complicado: o João Biscaia. Saravá, João!

PS - mas o que é verdade, voltando à capacidade de armazenamento, é que, no tempo das disquetes de 1,4, o Ofice ou o System vinham em meia dúzia de disquetes, no máximo. Os programadores de hoje já esqueceram o que eram as regras de programação para espaço reduzido. Eu, que programava em Pascal coisas científicas, fazia e refazia os programas para encolherem uns Kb, vendo repetições que podiam ser transformadas em procedures ou funções ou optimizando a estrutura dos ponteiros. Lembram-se?