Quem lhes mandou serem burros?

Quando vi o servente do empreiteiro da Portugal Telecom a preparar-se para reforçar um poste de madeira que tenho na minha rua, perguntei-lhe se por acaso ele estava a preparar-se para fixar o esticador na zona da passadeira de peões. Enquanto coçava a cabeça respondeu: "Eu cá não sei, senhor, eu cá faço o que me mandam...". Perguntei quem mandava e foi-me apontado. Repeti a questão. Coçando a cabeça ouvi a mesmíssima resposta. "Eu cá não sei, faço o que manda o encarregado...". Perguntei pelo paradeiro do encarregado que dormia ao sol dentro do carro. Acordei-o. Inquiri de novo sobre as razões de semelhante parvoíce. "Nós sabemos o que estamos a fazer...". Expliquei-lhe que era um disparate e um foco de potenciais acidentes. "Aquilo não fica assim, o que é que julga? Ainda vai levar uma manga sinalizadora para ninguém tropeçar!" disse-me enfastiado. "E ainda fica hoje!" lançou-me desdenhoso. O trabalho acabou há quarenta e oito horas.

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