11 maio 2009

Nada disse

"Sinhori Anicieto", disse-me ela de ar cansado e lourissimo cabelo em desalinho, magrérrima, a farda verde a dançar-lhe em cima dos ombros, num tem-te não caias de equilíbrio formoso e apenas seguro por um estetoscópio a fazer de mola. "Anicieto, não ié como si diez? Nomi riaro, muito riaro". Está biem abielha, penso eu, o teu também não está nada mal oh Olga Ivanenka. Só pensei, nada disse. "Muostre lá o dedo, há quiantos dias está assim? Diez dias??". Confirmo, mais dia menos dia, ao caso não monta de sobremaneira. "E piorque é quie não veio mais ciedo acá?". Perguntas bem, Olga Ivanenka, não sei, ora porque não posso, ora porque não me dá jeito, porque há outros primeiro, outros que o nem merecem, mas a quem damos tudo, o sangue, o suor e as putas das prioridades. E aos costumes nada disse, só pensei.

4 comentários:

Paula Pico disse...

Sinhori Anicieto,
Faço a mesma exclamação... Diez dias!!! Irra, que o senhor...
Mostro aqui a minha disponibilidade para lhe tratar da saúde... ou melhor desse dedo!

;)

Paula Pico

kincas disse...

Por isso não podia atender o télélé.

Percebido.

Jorge Raimundo disse...

É impressão minha ou encontrei uma pérola? :D
Não será "magérrima".
(Atenção que eu [também] estou na dúvida)

Jorge Raimundo disse...

Afinal parece que é "macérrima"