06 dezembro 2009

O fogo que arde sem se ver

Sou um grande adepto de grelhados, é publicamente sabido que no decorrer das minhas poucas actividades gastronómicas "twitto" muitas vezes da frente do meu grelhador, mais por inabilidade culinária nas outras frente mais elaboradas da gastronomia do que por qualquer outra razão. Está dito! Habituado desde muito cedo a lidar com lareiras e fornos, arte que refinei mais tarde com a minha experiência escotista, a arte de acender fogo em qualquer condição atmosférica não me coloca obstáculos ou dificuldade. Dotado de uma paciência proverbial (que também já foi maior...), aprendi desde há muito a técnica da ventilação do carvão, que basicamente consiste em criar uma chaminé no empilhamento dos blocos de carvão ou madeira, aproveitando o sopro do vento dominante para que seja ele, em vez dos meus pulmões ou do uso do abanador, que venha por mim a alimentar de oxigénio a pilha combustível. Se o carvão for de feição, isto é, regular e empilhável, uma pequena fornalha hexagonal providenciará abrigo ao material de ignição, outrora simples caruma de pinheiro ou, mais recentemente, as tradicionais acendalhas que muito particularmente detesto pelo odor a petróleo que exalam. Mas esta técnica da chaminé exige tempo, coisa que nem sempre abunda mesmo em matéria de slow-food. É por isso que existem técnicas e pequenos truques que permitem a ventilação, mesmo que se despeje o carvão a monte. Esta é uma delas. Ora essa! De nada.

A imagem é bastante óbvia, mas se ainda assim subsistirem dúvidas, para fazer o "poço" embrulhe algumas folhas de papel de jornal à volta da garrafa, despeje o carvão, retire a garrafa mantendo o papel no centro do combustivel. Pegue fogo a uma tira de papel e deposite a fonte de ignição no centro da cavidade. Bons petiscos.

1 comentário:

Luís Maia disse...

Escuteiro que se preze nunca deve acender lume, que não seja esfregando pedras ou pauzinho ou lá o que é um no outro.

Uso de isqueiros, fósforo ou qualquer outra modernice faria Baden Powell corar de vergonha.

E os escuteiros são como os fuzileiros, uma vez escuteiro, escuteiro toda a vida.