06 dezembro 2010
Anda um filho a criar um pai
"É meu desejo que isto seja colocado no meu caixão". Assim, bruta e cruel, a frase estampada em letra firme e capital, foi como um murro nos dentes, que nos deixa atordoados e sem saber a qual das dores acudir. O que fazer, o que dizer, o que sentir quando nos pedem em tom de ordem, mais a mais quando o "não" se nunca aplica aos que nos são mais próximos e queridos? Dizer que sim, que o faremos, coisa que obviamente não desejamos? Desembrulhei o pacote. Uma velha saia, áspera de muitos anos, ruça do tempo e do uso. "Foi nela que me embrulharam quando vim ao mundo, é com ela que partirei, percebes?". Percebo. Muito.
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