Há, nesta tarde pegajosa de calor e votos, um momento de ternura na voz de uma eleitora que me sopram ser quase centenária. Faço questão de tratar os eleitores pelo nome próprio quando deles me despeço e devolvo os cartões necessários à burocracia eleitoral. "Aqui estão os seus cartões Dona Maria Francisca. Obrigado". Meneou a cabeça enquanto eu pensava para com os meus botões que ela dificilmente me conseguiria ouvir. Ledo engano. Rodou o corpo apoiado na bengala finíssima como o seu próprio corpo e encarou-me de frente nuns olhos cinzentos profundos. "E como é que o menino sabe o meu nome?". Não cheguei a ter tempo de articular uma resposta, de tão óbvia que era... "Toda a gente conhece os olhos da Maria Francisca". Não a contrariei. Pareceria mal.
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2 comentários:
Acredito que seja uma experiência, apesar de esporádica, bastante interessante.
Que giro :)
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