06 junho 2011
A origem das expressões
"Pareces um pau de virar tripas" é uma expressão utilizada para designar alguém extremamente magro. O pau de virar tripas é um tronco fino de madeira, devidamente embotado nas extremidades que servia para introduzir numa das pontas do intestino animal para que se procedesse à inversão do tubo pelo avesso para mais fácil limpeza do mesmo. As tripas (nome popular para intestino) eram utilizadas no fabrico de enchidos, sendo lavadas em água corrente já viradas do avesso. A introdução do pau servia para facilitar o trabalho com as mesmas. Actualmente a industrialização já quase matou a utilização da tripa animal para a confecção de enchidos, sendo as mesmas de origem sintética. A expressão, essa, ficou.
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6 comentários:
Lembro-me bem da minha mãe (e da tua) irem lavar as tripas em dia de matança. Em tempos muito idos, chegava a ir-se à Ponte de Pau fazer esse serviço. Mais tarde, a corrente, no tanque da fonte, ou a força de uma bomba elétrica, faziam as vezes do ribeiro. O pau, esse, era sempre de vime, por ser mais liso e não provocar dano nas tripas.
Não me recordo de alguma vez ter visto lavar tripas sem ser na ribeira da ponte... Lembro-me do ritual das rodelas de limão e até de um tabuleiro de madeira onde as ditas vinham à cabeça estrada acima. (Não tenho memória do vime, mas sim dos rebentos de oliveira onde nessa mesma noite haveria de assar umas espetadas de carne de porco). Também me recordo das primeiras tripas sintéticas que (sempre) me pareceram hóstias partidas (e ainda hoje me parecem). Conseguia fazer uma descrição pormenorizada desses dias de matança... (O chambaril que o nosso avô usou toda a vida para pendurar os animais para os desmanchar, está comigo, se algum dia precisares...). São pequenas memórias, esta na forma de um pau engenhoso.
Cão e Pulgas, um blog de serviço público :)
Andava há anos para saber o que raio era isto :)
At your service, Mom! (Não é possível descrever a expressão "encher chouriços" porque só sentindo a morosidade do processo, mas tem TUDO a ver com as tripas...
Ricardo: Nunca a escrevi, mas está anotado para obra futura: O dia em que a tua mãe cortou a polpa da cabeça de um dedo ao migar carne para enchidos. Depois do regresso do hospital fomos à procura do pedaço, mas dentro de um alguidar cheio de carne com colorau, foi impossível encontrar o respectivo. Ficámos na dúvida, (ela mais do que eu) mas encolhi os ombros e disse-lhe: "Olha, e se não pensássemos mais no assunto? Não vamos desperdiçar um alguidar cheio como este, pois não?". E foi tudo para chouriços, tenho a certeza de que já comemos TODOS coisas MUITO piores...
Conhecia a história, mas não tinha de cor os detalhes assim tão claros.
Quanto a já termos comido coisas piores, assim de repente, lembro-me de umas empadas de frango, na Sertã, há uns anos... e mais não digo!
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