25 setembro 2011

Caro António Costa...


Caro António Costa,

O facto de nos conhecermos pessoalmente, não me impedirá de lhe dedicar meia dúzia de linhas neste humilde blog, que V.Exa decerto nunca lerá. Não é um bilhete pessoal, para isso fazia-lhe um SMS, mas saiba Senhor Presidente que não aceito desaforos de gente ou de organismos que têm a obrigação de pensar antes de agir, tal como eu ou V.Exa fazemos quando decidimos pronunciar-nos sobre algo.

Há quarenta e sete anos que Lisboa me empurra dela para fora, mas eu, teimosamente insisto em resistir e em regressar. Creio mesmo ter uma certa dose de autoridade para lhe dizer que tenho tratado melhor a cidade de Lisboa do que ela me trata a mim...

Esta semana estive ausente de Lisboa, Sr. Presidente. Parqueei o meu carro correcta e legalmente, em lugar pago e delimitado pela Empresa Municipal que é administrada por pessoas escolhidas também por si e que, oh ironia, dá prejuízo sem que se perceba exactamente como (sim, eu leio relatórios e contas...). Quando regressei, sim, que eu acabo sempre por regressar, tinha notícias suas entaladas debaixo das escovas do limpa pára-brisas. Não era um recado, nem dois, mas sim SETE. Sete papelinhos iguais, possivelmente distribuídos em dias diferentes por gente acéfala que, tal como a Câmara Municipal de Lisboa faz coisas sem pensar.

O recado que V. Exa dirigiu aos automobilistas estacionados em zona paga (e bem paga) é uma afronta! Afronta porque quem traz a viatura para Lisboa não vem propriamente em turismo. Afronta porque me incentiva a usar um serviço no qual confio pouco. Muito pouco. Quer então V.Exa. que eu utilize como alternativa os serviços de uma empresa que faz greve constantemente sem que se perceba das razões, que fecha INEXPLICAVELMENTE as suas linhas quando apenas metade (ou menos) dos seus grevistas se imobiliza, impedindo TODOS os outros trabalhadores de prestar serviço. Serviço que nós, contribuintes, pagamos e por cujas greves nenhum Tribunal decide compensar...

E continua a ser uma afronta, porque, Senhor Presidente, contrariados ou não, os automobilistas que estacionam em zonas concessionadas que foram autenticamente esbulhadas aos cidadãos da cidade de Lisboa, PAGAM para ali permanecer. Não me faz qualquer sentido desencorajar o cidadão pagante de uma das suas empresas municipais, a quem eu, por exemplo, dou (contrariado) cerca de 400 Euros por ano para poder trabalhar. Claro que nenhum dos acéfalos distribuidores de papel ou alguém que os superintenda teve olhos para descortinar (por sete vezes) o dístico de comerciante aposto na viatura. Tenho pena. Sincera e honesta pena.

E não vou sequer tecer considerações sobre a questão da poluição. Sete folhetos. Sim, talvez eu não tenha percebido à primeira.

1 comentário:

botinhas disse...

A EMEL é uma inutilidade e devia ser extinta.
É no mínimo ridículo andarem a multar, bloquear e rebocar carros bem estacionados quando todos os dias vejo dezenas de carros parados e estacionados em dupla fila que fazem perder todos os dias centenas de horas de produtividade. E esses são multados, bloqueados ou rebocados? Claro que não.