13 setembro 2011
Sete cães e nenhum osso
L. tem em casa uma cadela e a casa de L. é na minha rua e a minha rua é cheia de pedaços de sol e alguma ficção. A cadela de L. engravidou, surpresa!, e na hora do parto viram a luz sete cães e ao que consta nenhum osso. Grande agitação na cabeça de L., sete anos e algum sentido maternal que só as meninas que ainda virão a ser mulheres conseguem possuir de tão tenra idade. L. está preocupada e eu não deixo de me embevecer com tais preocupações. Os sete cães têm já sete dias e a pobre cadela, vê-se e deseja-se para prover leite aos cachorros, o que em si mesmo é uma parábola dos tempos modernos, mas nem é isso que atazana o juvenil espírito de L. que vai muito mais além nas suas cogitações. L. desconfia de quem seja o pai dos cachorros, um cão castanho e enorme que apareceu, abandonado, faz algumas meses na rua de L. cheia de pedaços de sol e de alguma ficção. É por isso enternecedor que L., enfastiada, diga a quem a quer ouvir e calhou bem ser o meu caso, ainda que por interposta pessoa: "Oh pá! Fogo! Os cães já nasceram há uma semana, o pai anda aí na rua e num uma vez sequer veio ver os filhos... Fogo!".
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4 comentários:
Olá L.! Tu e a B. são iguais, verdade?
pedro, pedro... olhe que este post podia (e talvez devesse) ir para os "caçadores de pérolas"...
E então, podemos saber as razões? Relido o texto, e com excepção de uma vírgula que eu recolocaria em caso de terceira leitura, não encontro mais nenhuma razão. Mas posso estar errado e é por isso mesmo que pergunto das razões.
Tenho uma teoria, mas como não quero acreditar que seja verdade, resta-me aguardar.
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