25 setembro 2012

Tudo o que sei

Eu gostava de saber por onde começar. A sério. Gostava de dizer aos interessados no problema levantado (denunciado) por esta reportagem, problema no qual, como agora sabem, tropecei acidentalmente em conjunto com um grupo de amigos, que algo estava a ser feito para remediar a situação. Gostava. Mas não o posso fazer.

Gostava de vos dizer que recebi ecos de locais aos quais nem imaginava que a reportagem de Ana Margarida Póvoa pudesse sequer ter chegado. Recebi mail do Brasil, de Angola, de Timor, da Índia. Recebi mail da Moita de onde muita gente me disse que jamais sonhava que esta situação estivesse a acontecer debaixo do respectivo nariz. Do Porto, de Braga, de Coimbra, do país que somos, das pessoas que somos e a quem esta história disse algo.

Recebi mail de gente que me confessou estar a chorar ou ter ficado sem palavras. Gente que me confessou "Estou a chorar de raiva", ou muito simplesmente me disse "Choramos". Há muita gente à espera de um sinal para meter o pauzinho na engrenagem. Advogados, magistrados, gente que me disse "Vai por ali" ou "Faz assim". Gente que quer ajudar, que me pede apenas a forma de o fazer. Sinto-me pequeno para toda esta questão, que disse desde o primeiro comentário no post original, ser complexa. Muito complexa. Deixarei os detalhes para outras instâncias. Se os quiserem.

Tudo o que sei, e que vocês agora também sabem, é que o problema está ali, que há muita gente a saber dele (mais do que há poucos dias atrás) mas que algo tem de ser feito por alguém que tenha efectivamente verdadeiro poder interventivo. Continuo à espera que o Município dê um sinal, mas não vou pessoalmente, aguardar muito mais tempo. Que se não detecte nas minhas palavras nenhuma espécie de rancor. Mas esperava algo mais. Sim, algo mais. O "povo" não poder ser apenas uma palavra bonita que se usa amiúde e que depois se olvida.

Tudo o que sei é que lá fora chove. Em todos os locais menos naqueles que "lá fora" é também "lá dentro". E esse, sabemos agora onde fica.

Continuarei a fazer o que me for possível para que esta situação se resolva. Não posso fazer muito a não ser denunciar. Denunciar com os meios a que posso deitar mão. Não gosto de ver o nome da terra onde vivo debaixo dos holofotes por estas razões. Preferia que fosse por outras. Não calhou.

Tudo o que sei é que lá dentro chove e há quem durma descansado.

2 comentários:

ROSA BRAVA disse...

É quase inacreditável, que a partir daquela janela aparentemente tão bonita, tão bem decorada...pelo cortinado, pelo vaso de flores, pelo sorriso da D. Glória, se viva um mundo tão diferente!Quem vê caras, não vê corações...

Fábio Martins disse...

Vi a reportagem no jornal da noite e foi comovente ver a situação da casa da senhora naquele estado.

Ainda bem que por lá andavam e conseguiram levar os meios de comunicação até lá. Espero assim que alguma coisa seja feita para o bem da D. Glória que embora sorria, sorria de sorriso fechado.

Obrigado por existir ainda gente com bom coração!