03 abril 2013

Saldo

São 22:28 e já perdi há muitas horas a possibilidade de contar as centenas de pessoas que por aqui, pelo Twitter, por telefone, mail ou (sim, ainda se usa), por carta, tiveram a amabilidade de me endereçar felicitações pelo meu 49º aniversário. Algumas ao meu lado, outras a milhares e milhares de km. Ontem mesmo (e tem sido tema repetido nos últimos dias) comentava com familiares o salto brutal que deram as nossas comunicações. Que há 40 anos a chegada de uma carta, um simples envelope era motivo de um quase evento público. Ou quando alguém telefonava para avisar que alguém iria telefonar, esse outro acontecimento das comunicações. Hoje é tudo mais banal, talvez menos intenso pela vulgarização. O sentimento esse é o mesmo. A lembrança, o dizer ao outro o que é mais imediato, prático ou pessoal. Hoje falei com múltiplos amigos, conhecidos ou pessoas que nunca vi na vida. Hoje pedi a um Amigo sacerdote que englobasse nas suas orações a mulher que me deu vida e tentei como pude confortar o homem que dela é cúmplice durante mais de cinquenta anos. Porque os números são o que nos fazem sentir mais ou menos velhos e nos avisam de que nada será como foi. E é nessa visão das coisas que albergamos nas nossas memórias os que já partiram mas que se nos turva a vista quando o neto me diz "Onde é que está o teu bolo que quero ajudar com as velas". Ou quando agradecemos a um desconhecido que nos telefona e que nos agradece algo que por ele fizemos há anos e de que nem sequer nos lembramos. E é quando sentimos uma paz interior que nos sossega e emociona ao mesmo tempo. Estou em paz. Convosco e raramente comigo. Abraço-vos mesmo que não vos conheça a todos. E agradeço-vos a existência, mesmo que fugaz e ocasional em que os nossos caminhos reais ou virtuais se cruzaram. Aqui, no Twitter ou naquele mundo a sério que por vezes fingimos não existir. Obrigado.

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