19 setembro 2005

Bimbo!

A poucos metros de mim um camião desgovernado atravessa a rua e embate com fragor numa árvore e num poste da EDP que fica partido pela base, arrastando consigo os vários cabos que suporta. Afasto-me o suficiente para me salvaguardar de uma descarga cujos efeitos já testemunhei noutra ocasião. O conjunto pendente não fica a tocar em nada por mero acaso. Para meu espanto não vejo no lugar do condutor ninguém sentado, mas percebo que o motorista desce a rua a pé com sentido nervosismo. Certifico-me de que não há ninguém apanhado pelo camião, isto se descontarmos um decorativo (?)leão de cerâmica que ficou sem cabeça, mantendo o resto do corpo colado ao pilar onde sempre esteve.
A altura dos cabos no meio da rua é uma armadilha à espera de vítima. Não suficientemente baixa para um automóvel, mas presa certa para um camião do mesmo volume deste. Pego no telefone e ligo ao 112. "Boa tarde, há um acidente na rua x que envolveu cabos eléctricos em carga e é preciso notificar com urgência o piquete da EDP". "Isso não é connosco!". "Percebo, mas creio estarmos em face de uma emergência, certo?". "O que quer que eu faça? Que ligue para a EDP?". "Provavelmente...". "Mas nós não fazemos isso." Desligo e fico a pensar em quem é que nos protege dos protectores. Um dos cabos, sob evidente esforço físico está exactamente sobre a cabine do camião, onde proprietário e motorista, agachados, conferem os estragos na viatura. "Boa tarde, por favor tenham cuidado que se o cabo se quebra vocês estão num local muito complicado". Tenho a sensação de ter falado chinês. "Ora que porra, isto são seguramente uns três mil euros...". Afasto-me a resmungar com os meus botões e a pensar que há gente que não merece uma só molécula do ar que respira.

2 comentários:

Anónimo disse...

As pessoas, hoje em dia, ou são demasiado desconfiadas ou então acham-se supremas de modo a não aceitarem "reparos" ou opiniões de outras. Lembro-me que neste Verão, no Carvalhal- Comporta o nosso tema de conversa era o pessoal que estacionava o carro (nem que fosse em cima de um ninho de cegonhas) em qualquer lado para poder ir à praia e ficar o mais perto possível. Ora isso implicava estacionar no areal onde no final do dia havia imensos condutores em apuros, literalmente, enterrados na areia. Penso que o lema seria: - "Quero lá saber, deixo aqui(quase no deserto mais denso)e depois alguém me há-de desenrascar". Todos os dias das minhas férias deparei-me com cenários idênticos, tanto de manhã quando ia a banhos, como no regresso.
No meu último fim-de-semana de férias decidi intervir quando reparámos num casal "atascado" com o seu BMW série 5, (novinho) quase que me ri por dentro, não fosse reparar que a senhora estava grávida e decidi dar a minha opinião para saírem dali mais rápido. "Desculpe, posso dar-lhe um conselho? se usar os tapetes do carro e colocar em boa posição debaixo das rodas dianteiras, consegue sair" ao que ele me responde: " eu sei, mas não vou estragar os tapetes só para sair daqui" Fiquei parva!!!!... ainda por cima 'ordenou' à esposa que procurasse 'paus' para meter debaixo das rodas... os meus amigos ainda tentaram ajudar e no final(com a garganta a ferver sob tamanha arrogância/cagança por causa da viatura,tipo: mais-vale- ficar-aqui-a-secar-e-chumbar-os pneus-do-que-usar-os-tapetes) mobilizei o meu pessoal e disse-lhes: "Boa Sorte, não podemos fazer mais nada" ao que nem nos agradeceram.

Anónimo disse...

www.darwinawards.com

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