09 fevereiro 2006

Surprise!

Era grande a agitação na borda do passeio. As mulheres nervosas, esbracejavam e riam-se à gargalhada. Eu tinha lobrigado parte da cena, uma centena de metros antes sem nada poder fazer. Enquanto esperava que o semáforo abrisse e me permitisse avançar, os gritos tinham-me chamado a atenção. Só vi uma motocicleta a esgueirar-se por entre o trânsito, alguém que se tentava levantar do chão e a mala, ou o que restava dela nas mãos do pendura do motociclista. Mais um episódio de criminalidade urbana a que todos nos vamos, a contra gosto, habituando. Depois de ter estacionado, passei pelo grupo que se juntara em esfusiante confraternização. Havia qualquer coisa de irreal, não é suposto as vítimas rirem-se dos assaltantes. Reparei na manga do casaco de lã rasgada, na mancha suja dos joelhos e perguntei "Magoou-se?". Não me respondeu, ou fê-lo de outra forma, rindo-se a bandeiras despregadas. "Sabe? Eu ia ali à Maternidade entregar umas amostras de urina! A mala deixei-a no carro...".

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