Ela fez entrar o carro na bomba de abastecimento com um chiar seco de pneus e um pouco mais de velocidade do que seria aconselhável. Do Mercedes SLK descapotável, saiu um longuíssimo par de pernas coroadas por uma sugestiva mini-saia que depressa atraiu os maxilares inferiores da população masculina do posto de combustíveis. Uma blusa de algodão semi transparente equilibrava-se à volta de um conjunto de lingerie negra, fortemente insinuante. Não demorou até que os primeiros assobios sibilantes se fizessem ouvir, provocando nela um rubor que levou tempo a desvanecer-se. Quando, desajeitadamente deixou cair das mãos esguias a ponta da mangueira e teve de se baixar para a apanhar, a assistência quase deixou de respirar. Quis chamar-lhe a atenção, mas ela ignorou-me ostensivamente. Levantei um braço enquanto abastecia para que ao meu lado ela me visse e me respondesse. Não surtiu efeito. Atirou com a pistola para o suporte com ar enfadado e resmungou qualquer coisa entre dentes. Reencontrei-a na fila da caixa, eu já resignado à indiferença dela, ela com um olhar fulminante que desencorajava qualquer um de lhe dirigir uma palavra que fosse. Paguei e no caminho de regresso ao carro decidi voltar atrás. Era mais forte de que eu. Eu tinha de lhe dizer... Fui friamente recebido. "O que é que você quer? Nunca viu uma mulher? Estúpidos! É sempre a mesma coisa!". Sorri-lhe. Desisti. Ela ficou sem saber que tinha metido gasóleo num magnífico motor a gasolina. O que é que querem? Somos todos iguais...
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2 comentários:
Por acaso a minha mulher fez isso mesmo há dias, e lá foram uma carrada de chatices para resolver o problema.
Acho que os senhores do reboque e os da oficina "portaram-se mal", nas palavras dela...
O que é certo é que ela me disse: "...se calhar aquele senhor de barbicha percebeu e quis avisar-me, mas foi o que ganhei por ter sido malcriada..." ... tarde se arrependeu!
Abastecer de gaóleo um carro a gasolina não é particularmente grave. Quando se roda a chave, o motor pegará eventualmente com o combustível das tubagens mas a queima assustará qualquer um pelo elevado teor de fumos produzido. Terá de remover todo o combustível do tanque, voltar a meter uma quantidade generosa de gasolina para diluir o que restar, voltar a retirar e só depois atestar com o combustível correcto. O erro inverso, (gasolina num motor Diesel) caso o desgraçado do condutor coloque o motor em movimento, esse sim é terrível. Válvulas e segmentos sofrerão danos importantíssimos e a conta da oficina será significativa. Na única vez em que isso me sucedeu (Estação de Serviço Galp da Avenida de Berna), fora um erro de abastecimento no próprio tanque da bomba, a Galp assumiu todos os custos (tiveram uma postura absolutamente irrepreensível) e no dia em que recebi a viatura de volta, devidamente reparada, um Inspector de Vendas da Galp apresentou-me pessoalmente um pedido de desculpas e ofereceu-me um voucher de 50 Litros Super (Como forma de compensação do "tira e mete" do combustível que então o técnico do ACP envolvido na operação, teve de fazer).
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