14 março 2006

Maravilha legislativa

Acho que foi hoje que pela primeira vez que me sentei à mesa de um restaurante dotado dessa maravilha legislativa que são os galheteiros invioláveis. Não pude deixar de reparar nas garrafinhas esteticamente agradáveis, de ar escorreito e industrialmente aceitável. Rodei entre os dedos a garrafa de azeite em busca de informação. Nada de estranho ou notório. Veio a salada, propositadamente pedida sem temperos e decidi-me a violar o galheteiro cuja rolha permanecia por abrir pela primeira vez. Tentei forçar os aparentemente frágeis pontos metálicos da rolha, mas não consegui. Veio o velho Santana em meu auxílio e num gesto rápido, com a mão envolta num pano, rodou a cápsula. Com as duas palmas das mãos na quina da mesa, num gesto que lhe é tão peculiar, piscou-me o olho e disse-me: "Caso queiras azeite de azeitonas, também temos!"

1 comentário:

Anónimo disse...

Almoço, todos os dias á do Sr.Domingos e da D. Custódia, cozinheira dotada tanto de mão para a cozinha, como de modesta e insegura. Sempre preocupada.."então isso hoje está bom?" Invariavelmente respondo: Está belissimo, escusava é de trazer tanto.... As meias doses são do tamanho do medo se alguem dali sai com fome. Desque que trabalho naquela zona, já engordei 15 Kg.. E já para lá fui gordo.
Fui eu precisamente que os informei da imposição legal de terem esses artefactos "invioláveis" com "coisas" lá dentro que se assemelham vagamente ao azeite e ao vinagre. Também fui eu que me recusei a abrir os frasquinhos para temperar o bacalhau, e lhe disse: Ó Sr. Domingos, sempre aqui fui bem tratado. Traga mas é o galheteiro com azeite de Moura e não se preocupe com as actividades económicas. Se for caso disso, eu pago a multa.