Séculos e séculos de evolução humana levam a que muitos hábitos, crenças e rituais se enraízem a ponto de ninguém saber já (se é que alguma vez se soube) das origens dos mesmos, sejam ou não tais hábitos e crenças apoiadas em explicações científicas que lhes confiram forma de lei.
Durante uma das últimas grandes trovoadas que se abateram sobre a grande Lisboa, foi com algum espanto e admiração que vi um conhecido preparar-se para destruir uma generosa quantidade de ovos provenientes de uma pequena exploração agrícola. Não se tratando de excessos de produção subsidiada, nem nenhuma dessas mágicas alegorias filhas da Política Agrícola a que alguns chamam Comum, inquiri sobre as razões de tal operação, tentando confirmar as minhas suspeitas em atribuir a culpa ao intensíssimo calor que se tem feito sentir. Fui sumariamente informado de algo que desconhecia (e que para todos os efeitos continuo a desconhecer até à confirmação factual): "As trovoadas intensas localizadas sobre as explorações aviárias fazem abortar os processos de gestação de ovos fecundados. Todas as aves que estejam a chocar uma dada quantidade de ovos, parecem saber disso mesmo, abandonando de imediato os ninhos e interrompem um processo absolutamente estudado e natural". Quis ir mais longe, estes fenómenos incomodam-me positivamente, não apenas pelo espanto mas muito mais pelo saciar da minha curiosidade galopante.
A mim parece-me normal que pelo facto das aves abandonarem os ninhos, o calor cesse e o embrião não se desenvolve, acabando por nunca eclodir. Não parece um raciocínio demasiado complexo... "Pedro, não me parece que tenha a ver com o calor, deve ser outra razão porque o resultado é exactamente o mesmo se se usarem chocadeiras industriais...". Devo confessar que apesar de estar medianamente bem informado no que à criação de aves diz respeito, desconhecia tal fenómeno. "Só tens uma forma de evitar isto, é ter na sala dos ninhos ou das chocadeiras um motor velho de uma máquina de lavar ou secar, não me perguntes porquê, foi assim que aprendi, mas não sei exactamente o que se deve fazer...". É este pequeno fragmento de informação que desperta o pequeno físico que há em mim. Apesar de ser um mistério para a pessoa com quem falo, a aparente solução do uso de um motor, faz para mim todo o sentido. A presença de um enrolamento de cobre excitado pelo envolvimento no processo dos dois potentes magnetos (presentes em qualquer motor eléctrico) poderá ser o suficiente para fazer com que a fortíssima ionização do ar seja desviada por indução ao enrolamento de cobre. Mesmo assim, tal solução só poderá fazer algum sentido se o conjunto estiver devidamente ligado a um ponto de terra. Terá o mistério de esperar por mais tarde. Tenho, entre clientes e amigos alguns experts de criação avícola e técnicos de investigação eléctrica a quem importunarei em breve para tentar saber mais sobre tão intrigante questão abortiva. Mas. caro leitor, não se acanhe! Se tiver algum input válido sobre esta matéria, deixe o seu "ovo" na caixa de comentários...
Durante uma das últimas grandes trovoadas que se abateram sobre a grande Lisboa, foi com algum espanto e admiração que vi um conhecido preparar-se para destruir uma generosa quantidade de ovos provenientes de uma pequena exploração agrícola. Não se tratando de excessos de produção subsidiada, nem nenhuma dessas mágicas alegorias filhas da Política Agrícola a que alguns chamam Comum, inquiri sobre as razões de tal operação, tentando confirmar as minhas suspeitas em atribuir a culpa ao intensíssimo calor que se tem feito sentir. Fui sumariamente informado de algo que desconhecia (e que para todos os efeitos continuo a desconhecer até à confirmação factual): "As trovoadas intensas localizadas sobre as explorações aviárias fazem abortar os processos de gestação de ovos fecundados. Todas as aves que estejam a chocar uma dada quantidade de ovos, parecem saber disso mesmo, abandonando de imediato os ninhos e interrompem um processo absolutamente estudado e natural". Quis ir mais longe, estes fenómenos incomodam-me positivamente, não apenas pelo espanto mas muito mais pelo saciar da minha curiosidade galopante.
A mim parece-me normal que pelo facto das aves abandonarem os ninhos, o calor cesse e o embrião não se desenvolve, acabando por nunca eclodir. Não parece um raciocínio demasiado complexo... "Pedro, não me parece que tenha a ver com o calor, deve ser outra razão porque o resultado é exactamente o mesmo se se usarem chocadeiras industriais...". Devo confessar que apesar de estar medianamente bem informado no que à criação de aves diz respeito, desconhecia tal fenómeno. "Só tens uma forma de evitar isto, é ter na sala dos ninhos ou das chocadeiras um motor velho de uma máquina de lavar ou secar, não me perguntes porquê, foi assim que aprendi, mas não sei exactamente o que se deve fazer...". É este pequeno fragmento de informação que desperta o pequeno físico que há em mim. Apesar de ser um mistério para a pessoa com quem falo, a aparente solução do uso de um motor, faz para mim todo o sentido. A presença de um enrolamento de cobre excitado pelo envolvimento no processo dos dois potentes magnetos (presentes em qualquer motor eléctrico) poderá ser o suficiente para fazer com que a fortíssima ionização do ar seja desviada por indução ao enrolamento de cobre. Mesmo assim, tal solução só poderá fazer algum sentido se o conjunto estiver devidamente ligado a um ponto de terra. Terá o mistério de esperar por mais tarde. Tenho, entre clientes e amigos alguns experts de criação avícola e técnicos de investigação eléctrica a quem importunarei em breve para tentar saber mais sobre tão intrigante questão abortiva. Mas. caro leitor, não se acanhe! Se tiver algum input válido sobre esta matéria, deixe o seu "ovo" na caixa de comentários...
5 comentários:
Eu, como engº físico (se bem que ainda me faltam umas 3 cadeirinhas para acabar o curso :p) estou perplexo com o fenómeno e ao mesmo tempo (e naturalmente) curioso.
Levantam-se-me 3 questões:
1. está provado (se viste com os teus olhos) que a presença da máquina no aviário em tempo de trovoada efectivamente faz mesmo com que os ovos eclodam?
2. estará o ar mais ionizado por haver trovoada? Instantes antes do relâmpago há realmente uma forte ionização que permite a condução dos electrões da nuvem para o solo. Só se for o campo eléctrico que se vai formando...
3. Não será isto tudo uma questão de trovoada e não de relâmpago? Um trovão é um som bem grave e de frequências baixas (o meu cão ficou maluco com a tempestade). Não será que a presença constante de uma máquina produz uma habituação nos galinácios para que não estranhem os trovões?
Mas vou dormir sobre o assunto a ver se me surge qualquer coisa... e pela lógica uma TV também daria para o efeito. Tem enrolamentos e fortes campos magnéticos!
1- Não vi a máquina neste aviário MAS segundo informações que já recolhi (eu nem acredito que depois de alguns anos a fazer aplicações para cálculo de composição de rações em aviários nunca tenha reparado nisto), existe nos aviários industriais uma "rede" que está estendida junto às coberturas que tem por missão evitar descargas eléctricas que surgem por causa da humidificação artificial do espaço e da sua relação com o sistemas de aquecimento). Também me confirmaram que as aves deixam de chocar, abandonando os ninhos, após trovoadas fortes sobre o local.
2- Claro que o ar está mais ionizado no momento da trovoada. É por isso mesmo que a trovoada acontece. (Ou estou errado?)
3- Não sei, pelo que observo no meu cão, no momento do "rasgar" do relâmpago e faísca ele "fica alerta", mas só se manifesta (com voz grossa), durante o trovão...
Se vais dormir sobre o assunto, não vás chocar alguma coisa...
Assunto fascinante, sem dúvida...Tenho cá para mim, que o problema deve estar relacionado com a frequências sub-sónicas da deslocação do ar...que são tambem produzidos por certos motores eléctricos potentes, mas terei de investigar o assunto, pois na verdade nunca choquei nenhum ovo...:-)
Em conversa com amigos falaram-me da presença do ozono durante as trovoadas. Confesso que não sabia que havia um cheiro característico das trovoadas, o do ozono. Nunca tinha dado por ele e nunca me tinham falado nisso!
Será que o aumento da concentração de ozono desregula as galinhas e a presença do motor velho (daqueles que pode muito bem emitir uns CFCs ou equivalente) destrua ou absorva o ozono produzido pelos relâmpagos?
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