24 janeiro 2007

Como se visse o invisível

Se há coisa que me deixa absolutamente fora de mim é aquilo a que chamo o Síndrome do Homem Invisível. Já escrevi sobre essa matéria já lá vão alguns anos (agora que falo nisso vou procurar esse texto para o publicar novamente), mas um tipo chegar a um balcão onde estão meia dúzia de funcionários, cumprimentar, receber uma saudação e ficar ali no vazio sem que aparentemente ninguém se preocupe com a minha presença ou queira saber ao que venho, é francamente demais. Hoje cheguei a uma agência bancária e sucedeu-me isso uma vez mais. As pessoas passarinham (i.e. saltam alegremente de um ramo para outro enquanto chilreiam sobre as suas próprias vidas como se o Homem Invisível estivesse do lado de lá e-como-não-o-vemos-não-podemos-atendê-lo). Estive dezoito minutos bem contados à espera que alguém se dignasse perguntar-me o que pretendia, soube que o almoço das pessoas que eram supostas atender-me correu muito bem, que a um deles tinham caído os óculos ao chão e felizmente não se partiram, entre outras trivialidades. Mas hoje experimentei uma técnica nova! Quando no final da espera alguém se dignou prestar-me atenção, fixei os meus olhos num ponto infinito e votei a criatura que estava à minha frente a um penoso silêncio. Chegam sessenta segundos disto e no final perguntei se tinha sido agradável. A criatura corou, provavelmente deu-me razão.

5 comentários:

Anónimo disse...

Havia de ser comigo!
"Olhe, desculpe mas... creio q ainda estou na sua hora de expediente" em alto e bom som!
Há "trabalhadores" que pensam que lhes estamos a fazer 1 favor!!

Anónimo disse...

Eu sou mesmo muito ingénuo!...
E eu a pensar para comigo desde sempre que era o único "homem invisível" à face da terra!...
Vamos todos findar um clube, agora que nos conhecemos uns aos outros?

Já agora, para além da invisibilidade momentânea, também devo confessar que tenho outro superpoder: o de tornar imóveis outros seres humanos. Basta-me apenas aderir à fila para o guichet que estes previa e ordeiramente formaram, que depois passam a não se mexer um milímetro! E para repôr a normalidade, basta-me tão só sair dessa dita fila...
Aproveito para pedir desculpas a todos a quem já prejudiquei com este meu superpoder.

Pedro Aniceto disse...

Boa Zeca, obrigado, tu fazes compras no Carrefour do Montijo, não fazes? ;)

Pedro Aniceto disse...

Boa Zeca, obrigado, tu fazes compras no Carrefour do Montijo, não fazes? ;)

Anónimo disse...

Essa faz-me lembrar uma que me ocorreu há uns anos (ainda antes das bombas serem self-service).

Chegei à bomba de gasolina, parei o carro e olhei para o casinhoto onde estava um empregado sentado a ler o jornal. Depois de o baixar o dito periódico para ver o que se passava, levantou-o e continuou a ler.
Noticias interessantes - pensei eu.
Com os minutos a passarem comecei a ficar com os nervos em franja e pior ficaram quando a cena do "baixa jornal, sobe jornal" se repetiu...
Esperei uns bons minutos (que me pareceram horas) até que o empregado deveras enfadado por ter sido interrompido se levantou e dirigiu ao carro. Com aquela cara entre a nausea e o vómito tão caracteristica destas personagens disse-me:
-O que era?
Ao que eu respondi:
- Há bocado era o depósito cheio. Agora não é nada.

E arranquei para a proxima bomba.