Ou isso!

Estou no talho. Admiro-me com as coisas simples e com o facto de hoje ser Sexta Feira Santa, dita da Paixão e o minúsculo balcão estar cheio de gente atarefada que manda despedaçar borregos para o almocinho Pascal, isto se descontarmos a procissão de entrecosto, febras e demais acepipes para ainda hoje, mais para a fresca, segundo ouço. Quando a população descongestiona a pequena loja, restam-me três gralhas. Três velhotas que não desmerecem o título de gralhas pela quantidade do que debitam, mais ainda pelo que debicam nas suas e nas alheias vidas. Três gralhas que estão apropriadamente de negro vestidas como mandam os ritos, os Pascais são roxos e agora que me lembro disso, não sei porque preferiram o negrume ao escarlate. Trocam referências de doenças como miúdos a trocar cromos. Desfilam pelos meus ouvidos os diabetes, as artroses, as arritmias, as coisas dos nervos e o restante referencial farmacêutico. Uma delas declara a quem a quer (e a quem nisso não está interessado) que "Oh mulher deixe-me cá, que eu nunca mais fui a mesma desde que aquele malandro me tirou a "basílica"... Barrigada de riso, está claro, das outras duas e há uma que insiste em corrigi-la. "Oh Maria das Dores, não é basílica, é basícula!". "Ou isso, mas nunca mais fui a mesma!".

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