01 maio 2007

Porra, já disse que não sou Engenheiro Civil!

Eis a troca de correspondência entre um batalhão de burocratas incapazes de pensar e um cliente de um banco que insiste em dar-lhe uma profissão que o mesmo não tem.

"(...)Na profissão, os senhores indicam-me como engenheiro civil. De facto, já tive muitas profissões, desde consultor a docente do ensino superior, tradutor e até escritor. Mas nunca tive o privilégio de trabalhar como engenheiro civil, até porque a minha licenciatura em engenharia física não mo permitiria. Como tal, agradeço-lhes que retirem esse dado da profissão, por não ser correcto nem relevante.
Com os meus cumprimentos,
José Luís Mxxxxxxxx"

"Estimado Cliente, Sr. José Luís Lxxx,
(...)
No que respeita à sua actividade profissional, e por forma a procedermos alteração da mesma será deste modo necessário que nos remeta uma cópia certificada ou original em papel timbrado de uma Declaração da Entidade Patronal, ou cópia certificada do Cartão Profissional, frente e verso, ou recibo de vencimento, desde que conste profissão, entidade patronal, situação contratual e data de admissão, documentação que poderá remeter via correio para a Remessa Livre n.º 25009, 1144- 960 Lisboa, não sendo necessário selo, ou em alternativa poderá apresentar os originais junto do Balcão.
Relativamente à certificação, a mesma poderá ser solicitada junto da Junta de Freguesia, dos CTT, do Notário ou Advogado.
(...)
Encontramo-nos à sua disposição para prestar os esclarecimentos necessários.
Com os melhores cumprimentos,
Montepio, Direcção de Marketing e Novos Canais"

"Em resposta à vossa mensagem, tenho-lhes a dizer, com toda a sinceridade, não é da vossa conta a profissão que eu exerço ou deixo de exercer. Agora, o que não podem, de forma nenhuma, é atribuir-me uma profissão aleatória que eu nunca exerci, como é a de engenheiro civil. Portanto, agradeço que retirem qualquer menção à minha profissão dos vossos dados pessoais a meu respeito, ao abrigo do direito de rectificação que me assiste, de acordo com a legislação em vigor de protecção de dados pessoais informatizados. "

"Estimado Cliente, Sr. José Luís Lxxx,
Agradecemos, desde já, o seu contacto.
No seguimento da sua mensagem, e de acordo com a informação facultada na mensagem envida anteriormente, indicamos que por forma a procedermos à alteração da sua Actividade Profissional, será necessário que nos remeta a documentação solicitada, ou apresente a mesma junto de um Balcão, estando este procedimento de acordo com o Aviso 11/05 do Banco de Portugal.

A Caixa Económica Montepio Geral, no âmbito dos princípios que presidiram à redacção desse Aviso, tem vindo progressivamente a promover a actualização dos Dados Pessoais dos Clientes, sempre que as circunstâncias se enquadrem no espírito do referido Aviso.
Por este motivo, e lamentando qualquer incómodo causado, existe a necessidade de proceder à actualização dos seus Dados Pessoais, mediante apresentação de um documento comprovativo da sua Actividade Profissional. Em virtude de verificarmos que existem outros dados por actualizar, solicitamos também que nos remeta copia certificada do seu Bilhete de Identidade e Cartão de Contribuinte, ou apresente os mesmos num Balcão, para que se obtenham cópias e se proceda à actualização.
(...)
Encontramo-nos disponíveis para prestar os esclarecimentos que considere necessários,
Com os melhores cumprimentos,
Montepio,Direcção de Marketing e Novos Canais"

"Meus caros senhores,
Eu não vou enviar a documentação que me pedem, pois insisto que a profissão que exerço não lhes diz respeito. Faço então o inverso do ónus da prova.
Mostrem-me os senhores os documentos em que se basearam para dizer que eu sou engenheiro civil. Quem sabe, de posse deles, até me possa candidatar a primeiro-ministro.
Se os senhores me garantem que só efectuam essas alterações de posse de documentos oficiais, então com certeza que tiveram acesso a um certificado de habilitações que os informou de que eu sou engenheiro civil (espero que não sejam da Universidade Independente). Pois, peço-lhes então que me enviem a mim uma cópia desses documentos, pois dava-me um jeitão acrescentar às minhas habilitações as de Engenheiro Civil, que não sou nem nunca fui. Mas, se realmente os senhores têm documentos que o provam, é porque deve ser verdade e eu começo a perceber como é que a situação de engenheiro civil é, neste país, uma situação muito transitória.

As vossas reservas tinham toda a razão de ser, se eu lhes tivesse a exigir que me atribuíssem habilitações que eu não tenho. Mas a situação é perfeitamente inversa. Estão a atribuir-me um curso que eu não tenho e uma profissão que eu não exerço. Não posso demonstrar que não sou engenheiro civil porque não existe certificado de habilitação de não-engenheiro civil.
Por isso, repito o direito que me assiste de corrigir dados pessoais informatizados que estão errados. E exijo que retirem a profissão de engenheiro civil.

Com os meus cumprimentos,
José Luís M"

"Estimado Cliente, Sr. José xxx,

Agradecemos o seu contacto o qual mereceu a nossa especial atenção.
Em resposta à sua mensagem, informamos que no momento em que procedeu Abertura da conta de depósitos à ordem o registo das Habilitações Literárias, não eram efectuadas de acordo com o Aviso 11/2005 de 13 de Julho do Banco de Portugal, o qual é transversal a todas as Instituições e que obriga nomeadamente aquando da actualização de dados pessoais, apresentação de comprovativo, bem como na emissão de Meios de Pagamento que os respectivos dados pessoais e profissionais encontrem-se devidamente actualizados.

Autrora [sic], as Habilitações Literárias eram inseridas de acordo com o indicado pelo cliente, podendo, por ventura ocorrer um erro na inserção da informação, não obstante, à presente data, para que possamos actualizar este elemento, será necessário, apresentação do Certificado de Habilitações, junto de um balcão ou envio de cópia certificada para a morada Remessa Livre 25009,1144-960 Lisboa.
Salvaguardando, desta forma, que no futuro possam estar associados bloqueios que comprometam a realização de operações através dos canais á distancia, nomeadamente do serviço Montepio24, ou junto das Caixas Automáticas.
Aguardamos a actualização deste elemento bem como dos solicitados na mensagem anterior, encontrando-nos disponíveis para prestar os esclarecimentos que considere necessários.
Com os melhores cumprimentos,
Montepio Direcção de Marketing e Novos Canais"

"Ou seja, segundo me estão a dizer, os senhores enganaram-se a pôr os dados, pois eu nunca disse que era engenheiro civil. Não tinha motivos para o fazer, pois nunca o fui e não estava a candidatar-me a um emprego como engenheiro civil na vossa empresa quando aí abri uma conta.

Ora, porque os senhores se enganaram, agora exigem-me um certificado de habilitações que certifique um grau que eu não tenho. Certo? Ou seja, vou à secretaria de uma faculdade de engenharia (penso que já não posso ir à Independente, porque parece que vai fechar) e peço-lhes que me passem um certificado de habilitações em como não sou engenheiro civil. Estou certo que devem ter lá um modelo para isso: Certificado de Habilitações de Não-Engenheiro Civil. Depois, mando-lhes uma cópia e já posso provar ao mundo que não sou engenheiro civil. Portanto, devo concluir que, de acordo com o vosso entendimento, qualquer cidadão que abra conta no vosso banco é engenheiro civil até prova em contrário...

Disse alguma coisa de errado até agora?

Não lhes passa pela cabeça que é um pouco kafkiano pedir a um cliente que rectifique os vossos erros informáticos apresentando um certificado de não habilitações que ateste que ele não é licenciado em engenharia civil?

Fico a aguardar o prazer de mais uma das vossas respostas, pois é um ponto alto do meu dia verificar até que ponto pode ir a rigidez burocrática de uma instituição. Peço-lhes ainda que não levem a mal eu estar a compilar esta nossa interessante troca de mensagens num texto humorístico que espero vir a publicar, tal é o despropósito de toda esta situação.

Com os meus estimados cumprimentos,

José Luís Mxxxxxxxx"

"Estimado Cliente, Sr. José Luís Mxxxxxxxx,

Agradecemos, desde já, o seu contacto.

No seguimento da sua mensagem, vimos informar que a situação que nos reportou foi encaminhada para o departamento competente. Após obtermos uma resposta, procederemos de imediato ao envio de uma mensagem.

Encontramo-nos disponíveis para prestar os esclarecimentos que considere necessário.

Com os melhores cumprimentos,

Montepio Direcção de Marketing e Novos Canais"

"Com a curiosidade que o momento requeria, fui consultar os meus dados, para ver se já tinham sido devidamente rectificados. Deparei-me com a seguinte pérola da titularite aguda que assola este país:



Quando consegui parar de rir, respondi com a seguinte mensagem em três fascículos (só nos são permitidos 2000 caracteres de cada vez)

Estimadíssimos Senhores,

Fiquei muito feliz por ver que, finalmente, tiveram a amabilidade de agir sobre os meus dados pessoais.

Constato que ainda não lhes é possível usar o meu número de telefone porque começa por 30 e isso faz muita confusão ao vosso departamento de informática.

No entanto, folgo em constatar que não perderam o sentido de humor no que toca aos restantes dados pessoais.

Assim, nas habilitações literárias, de licenciado fui despromovido a 12 ano. Na verdade, tenho o grau de mestrado em física tecnológica, mas como não faço tenções de lhes apresentar provas desse facto, fico muito satisfeito por ao menos me reconhecerem o 12º ano sem necessidade de prova formal.

Como não penso que sejam elitistas ao ponto de me tratarem pior por ter uma mera escolaridade obrigatória, o 12º ano fica muito bem, pois também me deu muito trabalho a fazer e, de facto, possuo esse grau.

Deixemos, portanto, as habilitações literárias que estão muito bem assim.

No título honorífico, puseram "sem título honorífico". Não posso deixar de confessar que me doeu essa dura chamada à realidade. Mas, de facto, não me considero titular de nenhum título de nobreza (tive um trisavô visconde, mas acho que já não conta), não fui ordenado sacerdote, nunca recebi nenhuma comenda e, à semelhança do nosso Primeiro-ministro, não estou inscrito em nenhuma ordem, tenho de me conformar à minha condição de vulgar plebeu sem título honorífico quando, para mais, me recuso a mostrar-lhes o certificado de habilitações. Portanto, também aqui no título honorífico, estamos de acordo. Sou simplesmente o José.

Agora, na profissão... aqui temos um problema. O problema para o qual lhes tenho vindo a chamar a atenção: o facto de eu não ser engenheiro civil, tornou-se agora bastante mais grave. É que acusam-me de ser engenheiro civil sem estar inscrito na ordem (caso contrário teria o título de Eng.) e, horror dos horrores, com as habilitações literárias de um 12º ano. (Continua).

É que nem o nosso primeiro-ministro se atreveu a reclamar o título de eng. civil com um simples 12º ano. Ele tem, pelo menos, o título do ISEC e, in dubio pro reo, afirma que concluiu a licenciatura em engenharia civil.

Os senhores, ao dizerem que eu sou engenheiro civil sem estar inscrito na Ordem dos Engenheiros (caso contrário, tinha o eng) e com um simples 12ºano de habilitações literárias, colocam-me numa posição muito delicada, incorrendo mesmo num crime de usurpação de título. E eu não tenho o aparelho do maior partido político português a proteger-me as costas quando a coisa der para o torto.

Finalmente, chegamos ao Nome preferencial, onde contrariam disposições anteriores e me apelidam de Eng. J. L. Mxxxxxxxx. Ora bem, até há umas semanas atrás, eu não teria grande coisa a opôr, visto que sou licenciado em engenharia física e todos os licenciados deste país são doutores e engenheiros. Infelizmente, agora os tempos são outros. Só pode reivindicar-se engenheiro quem estiver inscrito na Ordem dos Engenheiros. Ora, para minha grande vergonha, não pago quotas a tão nobre instituição, pelo que terei de abdicar daquelas três letrinhas.

Nem sequer posso pedir um simples "lic" ou um "mestre", porque na minha teimosia me recuso a entregar-lhes o certificado de habilitações.

Portanto, proponho que fique simplesmente o José Luís Mxxxxxxxx ou o Zé, para os amigos.

Lamento o trabalho tempo e esforço que essas alterações possam causar.

Espero até não provocar um precedente grave que os obrigue a ir pedir a todos os vossos clientes Drs. e Engs. o certificado de doutoramento ou o cartão de membro da Ordem dos Engenheiros, respectivamente.

Mas peço-lhes, rogo-lhes, suplico-lhes, retirem o mal-fadado "Engenheiro Cívil" da minha ficha de dados . Nunca chamei a ninguém nenhum nome que não fosse merecido. Esse é claramente imerecido.

Prometo manter todas as minhas contas no vosso estimável banco. Mas, por favor, não digam a ninguém que eu sou engenheiro civil.

Do sempre vosso,

Zé"

18 comentários:

Jójó disse...

A hilariante burocracia deste país....

Bhixma disse...

lol

Patricia Lousinha disse...

A UNI anda por aí...

Anónimo disse...

Eu tirava imediatamente as contas desse banco (sei que poderá não ser tão simples assim, se tiver alguns empréstimos), e não aguentava sinceramente estes rounds todos de missivas para a frente e para trás. Tive uma situação bastante parecida (na questão da irracionalidade da outra parte, não da questão do título) com o seguro automóvel, e foi o que fiz...

Pedro Aniceto disse...

Eu, que sou um tipo paciente, gosto de lhes fazer perguntas. Tenho as minhas guerras privadas, algumas que demoraram muito tempo a travar, mas que me fizeram rir. Estive três meses sem telefone fixo (estava avariado) e os senhores insistiam em ter um número de telefone para contacto e não ligavam para telemóveis. Trocámos cartas hilariantes. Inscrevi-me numa treta qualquer de um clube "Malte", mandaram-me um cartão lindo e uma pasta em couro personalizada. Azar, o nome não era o meu. Intimei-os a sanar o problema com uma caixa de produtos (de malte, está claro). Ficámos a meio caminho...
A companhia do meu cartão de crédito mandou-me um extracto que não era meu (em conjunto com o meu), escrevi-lhes e escrevi ao verdadeiro dono do extracto barafustando que ele estava a ir a sítios de pouca moral e ainda piores costumes. Acabámos os três a jantar (eu, o outro e o Director de Marketing do cartão), recusámos ambos (eu e o outro) pagar com o cartão, pois corríamos o risco de o extracto ir parar a mãos erradas. Um tipo tem que extrair estes pequenos prazeres das imbecilidades que acontecem...

Frederico Lucas disse...

Eu jamais tiraria de lá a minha conta!

Se eu mudar de banco é por motivos que me fazem chorar e não por motivos que me façam rir.

Posso adiantar que estou a trocar cartas com o meu banco há um ano por causa de um encargo bancário afecto ao meu empréstimo habitação no valor de 1700 euros, cuja entidade bancária se recusa a esclarecer quais as despesas!
Aliás, recusar até não recusa: Já me deu três explicações distintas por escrito e 4 ao telefone.
Estou a aguardar o desfecho para publicar o livro.

Anónimo disse...

São histórias destas que me fazem rir a bom rir (com lágrimas e tudo). Mas se a história não tivesse sido alimentada, e o autor se tivesse limitado a fechar a conta, esta terça feira teria sido cinzentona, para mim, até ao fim do dia.
Mas isto suscita uma questão maliciosa: porque será que, de um momento para o outro, os nossos engenheiros andam tão constrangidos e a safar os títulos?
JC

Pedro Aniceto disse...

Mil e setecentos euros de despesas? Dasssss... O que eu refilei por 75 Euros de uma avaliação feita "remotamente"... No dia em que fiz a escritura o representante da CGD pediu-me boleia para regressar ao banco (é perto, mas chovia a potes), avisei-o de que cobraria a boleia. Disse-o com um ar sério (e estava a falar a sério) e o homem foi a pé...

Frederico Lucas disse...

A estória, que não tem graça, é reveladora da forma como os bancos trabalham.
Sucedeu que por motivos de desemprego da minha mulher, que era Professora do 3º Ciclo e que de um ano para o outro ficou fora da oportunidade de colocação.
O sistema de protecção ao desemprego (subsidio de desemprego) demorava dois a três meses a iniciar pagamentos pelo que houve atrasos na cobrança de prestações do empréstimo nesse periodo. De notar que o banco tem a hipoteca sobre a totalidade da casa e financiou pouco mais de 50%.
Aconteceu que passado 6 meses de tudo estar resolvido, recebi um telefonema do gerente do balcão a explicar-me que tinha "uns encargos" referentes a "juros e despesas" do atraso verificado e que precisava que eu dissesse como e em que prazo queria liquidar!

Eu na altura expliquei que a questão não era o "como e em que prazo", mas sim, o descriminativo dos "juros e despesas".

Passado uns meses ligou-me um tipo com voz de importante a dizer que "tinhamos um problema para resolver". Quem me conhece sabe que fiquei enternecido com a abordagem.

Duas cartas depois e um mail pelo meio, cuja comparação constitui o único momento hilariante do processo, continuo a aguardar o processo em tribunal (já passaram dois anos desde que a acção foi colocada segundo me revelou o "importantão") ou que me exibam justificativos das despesas reclamadas.
Mas, segundo os próprios, e isto também não tem graça, não podem apresentar justificativos de despesas que ainda não foram liquidadas.

Estamos assim!

PS: Pedro! Acho que devias dedicar-te a escrever cartas de reclamação/pedidos de esclarecimento. Quando tiver que escrever a próxima peço-te um orçamento. Deves ser mais barato que o advogado (que andou anos a ler os diversos códigos para nos auxiliarem) e o efeito pode ser mais eficaz.

Anónimo disse...

Não é por ser dona do meu banco, mas o banco em questão tem, efectivamente, um excelente atendimento a clientes. No melhor pano cai a nódoa.

Anónimo disse...

Sou bancário (escrito de cabeça baixa e meio envergonhado com esta treta toda...). Não é no MG (que para o caso também não importa). Mas desde que trabalho, já conheci vários sistemas informáticos, com consequentes integrações de bases dados sucessivas e até bem conseguidas (face á complexidade e diferenças entre sistemas). Muitas alterações houve, tanto na legislação, como na necessidade, muitas vezes na dinamica do marketing de segmentar e caracterizar o cliente.
Se no inicio eu tinha, por exemplo, uma campo para a profissão onde poderia escrever o que me fosse dito, engenheiro, mecanico, padeiro.... hoje tenho tabelas.... dezenas de páginas de profissões tal como estão legalmente definidas. Tive muito trabalho, e continuo a ter, em transformar um "Engº" escrito num campo alfabetico, num Engº "de tabela".... E o pior é que sou capaz de não ter um padeiro. Mas sim um operário da industria de panificação (estou a inventar mas já me deparei com situações parecidas...) o que torna a vida numa m.... . E chamo a atenção para o tal aviso do BP que "obriga" a que os clientes de um banco atestem a sua profissão e situação face o empregador, da morada e de outras coisas.... E imaginem, por exº., eu, a trabalhar num balcão de uma freguesia rural, onde é muito simples conhecermos o pai, o avô, o filho, o canário e o cão que até mija á porta de tão digna intituição, ter-mos que pedir justificativo de morada.... se não tiver vai á junta, que passa certdão!!! Legislação muitas vezes (quase sempre) feita em gabinetes iluminados a lamapadas fluorescentes, onde a unica brisa é proveniente do ar condicionado, carregada de ácaros e fungos de burocracia.
De qualquer modo, e apesar das toneladas de razão que o protagonista da narrativa tem, não será o homem um pouco "tinhoso"?

Anónimo disse...

Eu não me posso queixar! Fui incentivado pelo BPI a comprar acções da Impresa. Comprei 143 contos delas...um destes dias fui espreitar e já só lá tenho 23.
No extintu UBP lembro-me de ter lá uma conta com 13 contos. Passado algum tempo fui espreitar e tinha ZERO. Perguntei e disseram-me que tinha de pagar (salvo erro) umas despesas de manutenção. Imagino o trabalho que lhes deveria ter dado a manutenção dos meus ricos 13 contos, coitados!
JC

O Gato Preto disse...

Eu já tive que atestar uma vez ao Presidente da Câmara que a propriedade em questão para aprovação de um projecto, e sob compromisso de honra, se situava no local que antigamente era designado como zona do Barrocal e que agora é Rua Serpa Pinto, porque senão a câmara não sabia onde era o projecto????

E o meu pai já fez uma escritura notarial dentro de um Tribunal com um machado de lenha dos grandes ao lado, porque se não fosse o machado tinha passado o prazo do empréstimo bancário(6meses) sem fazer escritura.
Foi Lindo, a conservadora, ele, o gerente do banco e o machado, todos na escritura.
Histórias destas não davam livros, davam bibliotecas.

(``-_-´´) -- BUGabundo disse...

esta mensagem ja me fez rir q xegue por um dia.
la bou eu ter q adicionar mais uma feed ao meu blog reader.

Anónimo disse...

...eu só queria um simples envelope para enfiar a carta. Mas o sr josé insistia "é para o continente?" " é envelope de avião ou terrestre?" "é A4 ou A5?", e mais não sei quê, quando entra um tipo com uma caixa de azulejos debaixo do braço e uma sanita às costas:
"Como é, Sr. José? stá aqui a sanita, estão aqui os azulejos, já lhe mostrei o cu, vende-me ou não o papel higiénico?"
JC

Muriel disse...

Obrigada por estes momentos hilariantes!
Por acaso passei uma situação semelhante em que acrescentaram a minha mãe à minha conta sem ser solicitado. Passado alguns meses fui informada que havia algo errado com a ficha de assinaturas da conta, uma vez que faltava uma assinatura de um titular. Dou meia chance para adivinhar qual era. Muito bem!!! Era a da minha mãe. Quando me dirigi ao banco e esclareci que ele não deveria fazer parte da minha conta eles disseram-me (amavelmente, confesso) que tinha de entregar uma data de papeis (semelhantes aos seus) para retirar a minha mãe da minha conta.
Eu, amavelmente, respondi: "Vocês usaram magia para juntar a minha mãe à minha conta... agora usem a mesma magia para fazê-la desaparecer (da conta, claro!)."
Imagine agora que a minha mãe lhe dava para "limpar" a minha rica continha...
Ainda aguardo desfecho...
A paciência é, sem dúvida, uma virtude...
Que virtuosos somos...

Muriel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cristina amil disse...

Eu já tive que entregar um documento no banco para provar que era maior de idade e poder aceder à minha conta via internet. Isto seria natural, se eles não possuissem os meus dados desde sempre, se eu não tivesse uma conta 18-30.. Disse-me uma voz ao telefone "Teve sorte, porque passar cheques sem que o banco tenha informação que é maior de idade, podia fazê-la ir a tribunal"... Será que pensaram que a minha idade tinha andado para trás?...