03 junho 2007

The one that got away (Franz Von Werra)

No meu radar de compras perfila-se agora a biografia de Franz Von Werra, um excêntrico piloto da Luftwaffe, que se tornou notado durante a campanha francesa da Segunda Grande Guerra. Notado pela sua excentricidade, prontamente aproveitada pelo Ministério da Propaganda, Von Werra distinguiu-se por bastantes facetas curiosas da qual o facto de ter adoptado uma cria de leão como mascote da unidade foi apenas uma de entre muitas. Von Werra distinguia-se como um excelente actor e pelo seu carácter indómito enquanto pessoa. O seu Bf109 foi abatido sobre solo inglês em 1940, tendo sido capturado. Interrogado durante duas semanas, foi posteriormente transferido para Grizedale Hall, o primeiro campo de prisioneiros de guerra da Grã-Bretanha. Poucos dias depois levou a efeito a sua primeira tentativa de fuga, saltando o muro do recreio da prisão. Conseguiu deambular incógnito durante quase um mês, apesar de ter sido avistado por diversas vezes. Foi recapturado e enviado para outro campo de prisioneiros em Swanwick. Assim que se instalou, Von Werra juntou-se a um grupo de prisioneiros alemães auto denominado Swanwick Tiefbau A. G (Escavações Swanwick Lda.) que de imediato levou a efeito a tarefa de escavação de um túnel por debaixo das cercas do campo, túnel esse que levou menos de um mês a concluir. Aproveitando um raid aéreo alemão, Von Werra e o seu grupo evadiram-se a coberto do ruído. Dos elementos do grupo, Von Werra decidiu seguir sozinho e contrariamente aos seus companheiros, não escolheu a solução que parecia mais óbvia, a de procurar um navio neutral para abandonar a ilha. Criou a personagem do Capitão Van Lott, um falso aviador holandês, e viajou de comboio até perto de Hucknall um aérodromo militar para o qual telefonou, dizendo ser um piloto holandês cujo avião tinha sido abatido e que procurava reunir-se à sua unidade de origem. Sendo comum na altura a existência de aviadores holandeses, polacos, franceses e checos a combater pela RAF, o Oficial de Dia em Hucknall providenciou um transporte a Von Werra e tratou de confirmar a sua história. Enquanto o fazia, Von Werra dirigiu-se a um hangar nas proximidades e convenceu um mecânico a disponibilizar-lhe uma aeronave para a qual se dizia estar devidamente credenciado pelo comando. Foi por poucos minutos que não conseguiu escapar de Inglaterra num avião do inimigo pois o Oficial de Dia de Hucknall conseguiu o contacto com a suposta base de onde Von Werra se dizia originário. Novamente preso, foi reenviado para o seu campo de origem de onde apenas sairia para uma outra prisão no Canadá, onde os ingleses passaram a deter os seus mais perigosos presos. No transporte, Von Werra saltou do comboio que o transportava tendo ficado apenas a trinta quilometros dos EUA, país neutral na altura. Entregou-se às autoridades americanas e com a ajuda do Cônsul alemão consegue chegar ao México, Rio de Janeiro, Barcelona e Roma, tendo regressado à Alemanha em Abril de 1941. Proclamado herói pelo regime, Hitler concede-lhe a Ritterkreuz (Cruz de Ferro). De regresso à sua unidade, Von Werra morreu após uma falha dos motores do seu avião ter sucedido sobre o Mar do Norte onde fazia uma patrulha. A sua última comunicação continha a passagem da liderança do esquadrão ao seu homem de asa e uma despedida peculiar "Amigos, vou ter de ir tomar banho..."

4 comentários:

Anónimo disse...

Pela amostra deve ter sido um homem extraordinário, pena é a ideologia e o regime que defendeu terem sido dos mais sangrentos e desumanos que a humanidade alguma vez conheceu. Há alguma reedição mais recente?

Pedro Aniceto disse...

Hombre! Ideologias e facções à parte, a Alemanha tinha gente extraordinária em termos de carácter (também houve uma boa colecção de crápulas de ambos os lados). E nem meço pelas condecorações que eram bastas vezes encenadas por simples inflacção de feitos (a Kriegsmarine então era um ver se te avias de Cruzes de Guerra), mas por factos documentados. A verdade é que o lado do perdedor é muitas vezes (e compreensivelmente) esquecido e estas memórias são muito agradáveis de ler quando se encontram.

Anónimo disse...

Pedro, já está encomendado pela Amazon.co.uk... Obrigado pela sugestão. Tens wish list na Amazon?

Pedro Aniceto disse...

No I don't...